NIB – Nova Indústria Brasil

Nem pessimista e nem contra o Brasil

 

Me espanta que a maioria dos líderes industriais brasileiros têm explicitado apoio ao plano NIB apresentado pelo governo federal. Na verdade, acho que deveríamos agir com otimismo cauteloso e, ao invés de apoio, temos que cobrar que os planos se realizem dentro de nossas expectativas.

Durante 2022 as Confederações e várias Federações entregaram aos principais candidatos cartilhas contendo recomendações sobre o que fazer para resgatar a indústria brasileira da difícil situação em que se encontra, no entanto, o plano tem atendidas algumas propostas, mas não é, de forma nenhuma, tudo aquilo que fará com que a indústria dê um salto de desenvolvimento em curto ou médio espaço de tempo, que é o que necessitamos.

Deve-se considerar que qualquer plano que ajude a indústria deve ser recebido com satisfação, mas não deve por si só, merecer apoio incondicional, principalmente porque ainda faltam muitos detalhes aonde com certeza habita nosso velho conhecido, o diabo.

Tenho ouvido termos como “o Brasil acordou para seu futuro”, “o Brasil acerta em implementar uma política industrial robusta e moderna”, e chego à conclusão de que nossas lideranças industriais ou não conhecem o Brasil ou estão apenas querendo elogiar algo que lhes parece inusitado.

Independente de que o plano seja bom ou ruim, novo ou repetido, temos que aprender que não estamos aqui para aplaudir incondicionalmente.

Temos que cobrar que além deste plano, haja sinais de alguma coordenação dentro do governo pois não parece que isto acontece, na verdade tudo indica que este governo dá com uma mão e retira com outra.

Vamos ao caso da desoneração da folha, alguns de nossos colegas esquecem que este governo apresentou a poucos dias um plano para acabar com a desoneração da folha que esperamos que seja derrubado no Congresso.

Fora isso este é o mesmo governo que agora quer cobrar R$ 70 bilhões em Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das empresas que recebem ou receberam incentivos fiscais estaduais. Com isso o governo espera chegar próximo à meta de zerar o déficit em 2024.

Este é o governo que apresentou o segundo maior déficit primário da história: 230,5 bilhões. Este rombo financeiro só perde para 2020, quando vivemos o auge da pandemia de Covid-19.

Sabe-se lá o que pode ainda o Ministro da Fazenda trazer de surpresas para nós, lembrando que até agora só ouvi falar em aumento de impostos e não em Reforma Administrativa para que se ataque o principal problema do Brasil, o excessivo custo dos salários e mordomias públicas.

Seguindo ainda, estamos comemorando a aprovação da Reforma Tributária pelo Congresso Nacional, que deveria significar a modernização e simplificação da carga tributária que agride a indústria brasileira, esperávamos que haveria redução da carga tributária, no entanto caminhamos para um cenário em que as alíquotas de referência do IBS e da CBS devem compor a maior alíquota do mundo, 33,3%.

Além disso os prazos de transição desanimam qualquer “cristão”.

– 8 anos com dois sistemas, 2026 até 2033.

– 50 anos (2078) finalmente a arrecadação passará para o destino.

– Até 2097 ainda haverá adequação ao novo sistema.

 

Será, que em sã consciência, alguém pode acreditar que o plano apresentado poderá resolver os problemas das indústrias?

Estou falando das médias e pequenas indústrias que provavelmente nem verão a cor da dinheirama que o BNDES promete emprestar, pois não terão garantias a oferecer.

Justo elas que compõe a maioria das indústrias brasileiras.

Muito se fala neste plano sobre descarbonização e hidrogênio verde, temas que nem passam perto da realidade das indústrias brasileiras, mas nós insistimos de que isso pode nos levar a resgatar a pujança da indústria brasileira e, enquanto isso, nos vemos inundados por produtos fabricados por indústrias chinesas que nem sabem os que são descarbonização e hidrogênio verde.

Infelizmente não tenho como aplaudir, assim como São Tomé, só vou acreditar quando começar a ver alguma coisa mais sensata.

Torço para que Deus nos ajude.

Ricardo Martins

Presidente Abimetal/Sicetel