Opinião

Interesses e tensões no acordo Mercosul e União Europeia

A recente visita do presidente francês, Emmanuel Macron, ao Brasil despertou intensos debates sobre o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Durante sua vista no último mês, Macron expressou preocupações acerca da falta de atualização do acordo, enfatizando a omissão de questões relacionadas a proteção do meio ambiente e outras que não poderiam ser atendidas pela nossa indústria nacional.

Na realidade, entendemos que a preocupação do presidente francês pouco se alinha à preservação do meio ambiente ou de nossas condições reais de produção, mas sim aos interesses políticos e econômicos da França.

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia, idealizado há mais de 25 anos, representa uma ameaça considerável ao agronegócio francês, tendo em vista a posição de destaque do Brasil nesse setor.

Nesse contexto, enquanto observamos não só os europeus, como também diversas potências econômicas defendendo seus setores produtivos, percebemos o quanto o Brasil adota uma postura na contramão desses países. Apesar do sério risco que o acordo representa para alguns setores da indústria brasileira, desde que foi idealizado, muitos lamentavelmente trabalham pela sua assinatura, inclusive representantes da indústria, que deveriam se posicionar em defesa da concorrência equilibrada e da produção nacional.

A assimetria regulatória entre os blocos econômicos e a disparidade entre o desenvolvimento tecnológico dos países representa uma séria preocupação. As rigorosas normas sanitárias, ambientais e trabalhistas impõem um alto custo para a indústria brasileira, que diminui nossa competitividade e geram a necessidade de ações governamentais, para acabar com o crescente processo de desindustrialização que assola nosso país há décadas.