Opinião Abimetal/Sicetel Fev/Mar 2024

Hoje vamos falar sobre a desnecessária comemoração do crescimento do PIB em 2,9%. Este resultado já vinha sendo esperado pelo mercado desde meados de 2023. Não teve uma grande novidade, a não ser o fato de que algumas autoridades e alguns economistas governamentais destacarem apenas o crescimento e não aprimorar o olhar para o que mais uma vez comprova o fraco desempenho da indústria.

O resultado é importante para o Brasil, entretanto se fizermos uma análise crítica da composição heterogênea vamos nos deparar com resultados decepcionantes e, ao mesmo tempo, alarmantes para nossa indústria. Importante destacar que dentro da diversidade dos componentes que formam o PIB e sob a ótica da oferta, a indústria teve o pior desempenho se comparada à agropecuária e aos serviços, com apenas 1,6% de crescimento.

Como o diabo mora nos detalhes verificamos que a indústria de transformação, da qual participamos, na verdade apresentou um resultado negativo da ordem de 1,3%, o que corrobora para o histórico de desindustrialização que nós estamos enfrentando há muito tempo. A discrepância se deve ao fato de que a indústria extrativista e energia e saneamento cresceram significativamente, mas não demonstra a nossa realidade pois a indústria de transformação caiu em representação para o patamar de apenas 10,8% do PIB.

Fonte: Fiemg

A indústria de transformação sofre uma dura estagnação há décadas e não há nenhum tipo de sinalização que vai haver melhora, nem mesmo com a Nova Indústria Brasil (NIB), que aborda temas que não tocam ou refletem a realidade da indústria processadora de aço.

É preciso nos concentrarmos na redução do Custo Brasil, hoje na casa dos R$ 1,7 trilhões, para resgatar a competitividade da indústria brasileira, sem isso e uma Reforma Tributária séria e menos morosa, não conseguiremos reverter o processo de desindustrialização.

Não adianta o Brasil começar a investir ou trazer para pauta apenas temas como economia e hidrogênio verdes, deixando de lado os problemas crônicos que enfrentamos e jogando para debaixo do tapete as agruras das médias e pequenas indústrias, especialmente no nosso segmento. Na verdade, nos faltam iniciativas governamentais sérias e uma política industrial de longo prazo que comtemple todo o seguimento industrial.

Ricardo Martins,

Presidente Abimetal/Sicetel