Na última semana o Presidente Lula deu uma forte evidência de que, para ele, o que importa é seu partido sair forte nas próximas eleições.  Numa demonstração de pouco apreço ou até descaso com a indústria nacional, o presidente ameaçou vetar a cobrança de impostos de produtos importados de valores abaixo de US$50,00 e acabou fazendo um acordo para que sejam cobrados apenas 20% de imposto de importação, muito menos do que é recolhido em impostos pelos produtos fabricados no Brasil.

Mesmo com toda esta falta de preocupação e apreço com a indústria nacional, a Camex aprovou, há poucos dias, a majoração das alíquotas de imposto de importação para alguns produtos siderúrgicos. Isto trará alguma diminuição no volume na entrada de aços adquiridos no exterior, por sua vez, a medida necessária, pode trazer como consequência o aumento do volume de importação de produtos derivados, justamente os representados pela Abimetal.

    Em função disto, nos últimos dois meses, temos trabalhado constantemente, junto à Camex, para solicitar aumento do imposto de importação também para estes derivados de produtos siderúrgicos. 

    Estamos muito focados no propósito de evitar um desvio de comércio que traga uma elevação dos produtos produzidos por nossos associados, que já sofrem com isso de forma bastante contundente.

Exemplo do foco que estamos dando a estes assuntos é a criação do Departamento de Defesa Comercial — DEFCOM cujo objetivo é ajudar os associados no combate ao dumping, subfaturamento e descaminho.

A defesa comercial é um tema cada vez mais relevante para garantir sustentabilidade e competitividade para a indústria nacional, principalmente em relação aos produtos ligados à cadeia processadora de aço.

Além disso, a burocracia envolvida nos processos de investigação ou a falta de respostas contribuem para empenharmos cada vez mais nossos esforços para que os órgãos de fiscalização e controle melhorem suas ações de modo a coibir as importações com preços e condições desleais.

A Abimetal oferece suporte técnico e jurídico, bem como representamos os interesses das empresas junto aos órgãos governamentais e internacionais. Além disso, promovemos a encontros com inspetores de portos e aeroportos para treinamento na identificação de práticas ilegais na importação.  

A indústria processadora de aço cresceu em abril de 2024, na comparação com março, de acordo com os resultados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, a cargo do IBGE. Na série dessazonalizada, a produção da metalurgia cresceu 1,4% em abril frente a março, enquanto o indicador para os produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) variou 1,3% no mesmo período. Estes resultados revertem as quedas verificadas em março frente a fevereiro, revisadas para -2,5% e -2,6%, respectivamente.

Quando a análise se estende por prazos mais longos, o desempenho dos processadores de aço é pior. No acumulado do ano (janeiro a abril de 2024), frente a igual período do ano passado, a produção metalúrgica está estagnada, enquanto os produtos de metal ainda crescem 2,4%. Na variação acumulada dos últimos 12 meses frente aos 12 meses imediatamente anteriores, ambos setores apresentam desempenho negativo: -1,6% e -1,3%, respectivamente.

Este crescimento dos processadores de metal veio na contramão da produção industrial geral, que recuou 0,5% em abril frente março, resultado negativo devido à queda da indústria extrativa (-3,4%), enquanto a indústria de transformação cresceu 0,3%. No acumulado do ano, a indústria cresce 3,5%, com avanço de 3% da extrativa e de 3,6% da indústria de transformação.

Analisando-se a indústria de transformação, 18 dos 24 setores apresentaram crescimento da produção em abril frente a março, enquanto no acumulado do ano são 19 setores com valores positivos. No acumulado de 12 meses, somente 10 setores apresentaram crescimento.

Estes resultados indicam um começo de ano mais favorável que o mesmo período do ano passado, resultado corroborado pela alta de 2,5% do PIB e de 1,5% da indústria de transformação no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período de 2023. Na comparação com o último trimestre de 2023, o PIB cresceu 0,8% e a indústria de transformação, 0,7%. Estes resultados positivos já devem decorrer, ao menos parcialmente, das quedas recentes das taxas de juro, além do desempenho favorável do consumo das famílias e do emprego. Outro destaque positivo do PIB foi o desempenho dos investimentos, que apresentaram crescimento de 4,1% no primeiro trimestre, frente ao trimestre anterior.

A partir de maio, os indicadores deverão apresentar o efeito negativo das chuvas do Rio Grande do Sul, que afetou diversos setores indústrias, inclusive levando à paralisação de diversas plantas automotivas no país devido à falta de autopeças. Adicionalmente, o ciclo de queda das taxas de juros deverá ser interrompido em patamares próximos aos 10%, comparado aos 9% ao final do ano esperado pelo mercado há algumas semanas.

O índice de evolução da produção industrial (indústria de transformação e extrativa) avançou de 51 para 51,2 pontos em abril de 2024, na comparação com o mês anterior, de acordo com a Sondagem Industrial da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Os índices usados para mensurar o desempenho são construídos de maneira que valores acima de 50 pontos indicam aumento, valores abaixo de 50 indicam retração. Quanto mais distante de 50, mais intensa é a variação do indicador. Este resultado representa o segundo mês seguido de aumento do índice de produção industrial, após uma sequência de resultados negativos de novembro de 2023 até fevereiro de 2024.

Para o número de empregados, houve, em abril, leve recuo de 51,2 para 50,1, indicando virtual estabilidade. A Utilização da Capacidade Instalada avançou 2 pontos percentuais em abril, atingindo 70%, valor superior ao mesmo mês de 2023 (67%).

Os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel estão incluídos em duas categorias: metalurgia e produtos de aço (exceto máquinas e equipamentos). Ambos continuaram a apresentar fraco desempenho, inferior ao verificado para o total da indústria. O índice de produção da indústria metalúrgica para abril registrou 49,6 pontos. Apesar de estar abaixo do limiar de 50 pontos, o resultado representa uma melhora do indicador perante março, quando registrou 48 pontos.

O índice de produção para os produtos de metal atingiu 49,3 pontos em abril, um leve aumento de 0,1 ponto frente a março. Trata-se do sexto mês seguido com valores indicando queda da produção. O fraco desempenho para os processadores de aço é refletido pelas repetidas quedas mensais de produção (valores menores que 50): os valores negativos ocorreram em 10 dos últimos 12 meses para ambos os setores.

A pesquisa da Sondagem Industrial também trouxe dados acerca das expectativas dos empresários industriais. Os dois setores processadores de aço apresentaram deterioração em abril, com quedas nas expectativas com relação à demanda, compras de matérias-primas, número de empregados, exportação e investimentos. Essa deterioração, na maioria dos casos, não foi suficiente para que as expectativas atingissem patamar negativo (menos de 50 pontos). Mas, a expectativa de investimento da metalurgia se destaca pelo resultado negativo, caindo de 53,5 para 47,8 pontos.

Os resultados da Sondagem para os setores processadores de aço, apesar de ainda estarem em patamares negativos em abril, indicam desaceleração das

quedas e uma tendência de estabilização da produção ao se aproximar dos 50 pontos. Entretanto, o quadro para estes setores ainda é desfavorável, com destaque para o forte aumento de das importações (especialmente da China).