Os resultados da pesquisa Sondagem Industrial da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para agosto de 2024 indicam crescimento na produção tanto para a indústria geral, quanto para os setores processadores de aço (indústria metalúrgica e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos). Trata-se do segundo mês seguido de resultados positivos para estes três grupos.

O índice de evolução da produção industrial (indústria de transformação e extrativa) registrou 52,2 pontos em agosto de 2024, valor inferior aos 54,3 pontos de julho, mas acima do limiar de 50 pontos, que indica crescimento. Os índices usados para mensurar o desempenho são construídos de maneira que valores acima de 50 pontos indicam aumento em relação ao mês anterior, valores abaixo de 50 indicam retração. Quanto mais distante de 50, mais intensa é a variação do indicador.

A Utilização da Capacidade Instalada da indústria geral avançou 1% na comparação com julho, atingindo 72%, registrando o terceiro mês seguido de alta. O índice do número de empregados também avançou, registrando 50,7 pontos, após 51,3 pontos em julho., indicando contratação de mão-de-obra. Em junho, este indicador havia registrado estabilidade.

O mês de agosto também registrou avanços da produção industrial em todas as regiões as cinco regiões, dando continuidade a expansão da atividade verificada em julho. Na avaliação por porte da empresa, a produção avançou para as empresas médias e grandes (52,2 e 53,7 pontos, respectivamente). As empresas pequenas apresentaram pior desempenho, com retração da produção em agosto (49,3 pontos), após manter virtual estabilidade em julho (50,2 pontos).

Para melhor entendimento dos setores processadores de aço, defendidos pela Abimetal-Sicetel, utilizamos duas categorias da indústria: metalurgia e fabricação de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Estes setores registraram 50,5 e 53 pontos, respectivamente. Este avanço do indicador de produção indica continuidade da expansão verificada em julho. Estes resultados ocorrem após um primeiro semestre marcado por indicadores em território de retração.

Com relação ao emprego, ambos setores registraram índices superiores a julho. O emprego da metalurgia atingiu 49 pontos em agosto, uma melhora frente aos 47,6 de julho, mas ainda em território de contração. Os produtos de metal, por sua vez, atingiram um patamar de estabilidade (50 pontos), após 48,7 no mês anterior.

Em agosto, a utilização da capacidade instalada recuou um ponto percentual para metalurgia (67%) e se manteve estável para os produtos de metal (68%), na comparação com julho. Em agosto de 2023, o percentual para estes setores foi de 69% e 67%, respectivamente.

A melhora na produção dos últimos dois meses da pesquisa ainda não reverberou para as expectativas de investimento no caso da metalurgia. Este indicador registrou 47,1 pontos na expectativa de setembro, valor inferior aos 49,5 da pesquisa anterior, refletindo as dificuldades de longo prazo que passa o setor. Os produtos de metal se saíram melhor com relação a essa expectativa, com 53,2 em setembro, e valores superiores a 50 ao longo do 2024.

A expetativa de demanda também avançou em setembro para os dois setores de processadores de aço, com valores superiores a agosto. A metalurgia avançou para 55,3 e os produtos de metal para 55 pontos nesta última pesquisa.

Os resultados da pesquisa Sondagem Industrial com os dados de agosto indicam continuidade da expansão verificada a partir de julho. Estes resultados refletem o crescimento da economia brasileira, num quadro de forte expansão fiscal, queda do desemprego e expansão da renda, além de melhora nos investimentos. Além disso, a melhora para a indústria já deve refletir o afrouxamento da política monetária iniciado pelo Banco Central a partir de junho de 2023 (queda da taxa Selic de 13,75 para 10,75%.

Entretanto, alguns sinais de cautela devem ser levantados. O Banco Central deve iniciar um novo ciclo de aumento de juros a partir de setembro. Adicionalmente, os setores processadores de aço ainda continuam a sofrer com a forte entrada de produtos importados, especialmente da China. A desaceleração econômica do país asiático implica que as exportações continuam como alternativa para maior utilização de seu amplo parque industrial.

 

Os resultados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, a cargo do IBGE para o mês de julho de 2024 trouxeram dados positivos para os setores em que se incluem as indústrias processadoras de aço, defendidas pela Abimetal-Sicetel. Estes resultados contrastam com a contração da indústria geral no mesmo período.

Para os dois setores em que se incluem as atividades processadoras de aço, a metalurgia e a fabricação de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), a produção do mês de julho apresentou, respectivamente, crescimento de 2% e 8,4% na comparação com junho (série dessazonalizada). Estes resultados dão continuidade ao crescimento verificado em junho, que se seguiu ao mês de maio, marcado por quedas na produção destes dois setores. Os dados de junho também foram revisados para cima. A metalurgia cresceu 5,1% e os produtos de metal, 2%. Na divulgação anterior, estes valores haviam sido 5% e 1,4%, respectivamente.

O índice de produção da metalurgia em julho de 2024 foi 4,8% superior ao mesmo mês de 2023, mas, em outras comparações, o desempenho é pior, evidenciando as dificuldades de longo prazo deste setor. O crescimento dos primeiros sete meses deste ano frente ao mesmo período do ano passado a metalurgia se reduz a apenas 0,1%, enquanto no acumulado de 12 meses ainda há retração, com recuo de 1,2%.

Os produtos de metal apresentam um desempenho mais favorável. A produção cresceu 13,9% em julho de 2024 frente ao mesmo mês de 2023. No total deste ano a produção deste setor variou 3,1% comparado com janeiro a julho do ano passado, mas no acumulado de 12 meses, o crescimento é pior: somente 0,4%.

A indústria geral recuou 1,4% em julho em relação a junho (série dessazonalizada). Houve queda nos seus dois componentes: indústria de transformação (-1,3%) e extrativa (-2,4%). Apesar, do resultado negativo, a queda da indústria de transformação foi concentrada em 6 dos seus 24 setores, com destaque para o desempenho da indústria de alimentos (-3,8%), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-3,9%) e celulose (-3,2%). Estes resultados negativos são decorrentes, segundo o IBGE, da base mais alta de comparação em junho e de fatores específicos, como secas (que afetaram processamento de cana-de-açúcar) e paradas de manutenção.

No ano, o desempenho da indústria geral é bastante positivo, com crescimento de 3,2% no acumulado deste ano frente aos primeiros sete meses de 2023 e 2,2% no acumulado de 12 meses.

Apesar da melhora recente, o desempenho da indústria, incluindo os setores processadores de aço ainda está distante dos picos. A metalurgia atingiu seu máximo em julho de 2008 e os produtos de metal em março de 2011 (séries dessazonalizadas). Para ilustrar a distância da produção destes setores em relação aos seus máximos registrados, o patamar de julho de 2024 para ambos os                                                                               setores ainda é 23% e 32,4% abaixo dos seus picos,                                                                                     respectivamente.