Os resultados da Produção Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo IBGE, apontam recuo na produção em 10 dos 15 locais pesquisados em maio, na comparação com o mês anterior (série com ajuste sazonal). Neste período, a produção industrial brasileira recuou 0,9%.

Destaque negativo foi o Rio Grande do Sul, com queda de 26,2% frente a abril, desempenho afetado pelas fortes chuvas que atingiram o estado. São Paulo também apresentou leve queda frente a abril: -0,2%.

Na comparação de maio de 2024 com o mesmo mês do ano anterior, seis regiões amargaram quedas na produção industrial, enquanto o a indústria brasileira recuou 1,0% na mesma comparação. Entre os destaques negativos estão o Paraná (-2,1%), Minas Gerais (-5,0%) e Rio Grande do Sul (-22,7%). São Paulo, por sua vez, apresentou crescimento de 0,7%.

Apesar de alguns resultados negativos para maio, a produção nacional ainda cresce 2,5% na comparação do acumulado até maio de 2024 com os mesmos meses de 2023. Na avaliação regional, somente duas localidades não apresentaram crescimento.

Na comparação do acumulado de 12 meses até maio de 2024 em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, a produção brasileira cresceu 1,3%, sendo que quatro das 15 regiões apresentaram quedas nessa comparação.

O desempenho dos setores onde se incluem as indústrias processadoras de aço – metalurgia e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos – vem apresentando um desempenho mais fraco que a totalidade da indústria. Para o Brasil, a metalurgia e os produtos de metal recuaram 2,8% e 1,2% entre maio e abril deste ano (série dessazonalizada), respectivamente.

No acumulado do ano, a metalurgia recua 1,1%, enquanto os produtos de metal avançam 1,6%.

Na avaliação regional por setor, o IBGE não divulga os resultados dessazonalizados, portanto, não há comparação com o mês anterior. Na comparação de maio deste ano com o mesmo mês do ano passado, houve quedas 8 das 12 regiões com dados para a metalurgia e 5 das 10 para os produtos de metal. O Rio Grande do Sul teve quedas expressivas na produção. Usando a comparação anual, a metalurgia do estado recuou 48% e os produtos de metal variaram -25,3%.

Quanto ao estado de São Paulo, a metalurgia cresceu 1% na comparação maio de 2024 com o mesmo mês do ano anterior, enquanto os produtos de metal recuaram 1,7% nessa mesma comparação. No acumulado do ano, a metalurgia paulista ainda recua 0,4%, ao passo que os produtos de metal avançam 2,5%.

Apesar de um começo de ano com algumas notícias positivas para a indústria, o mês de maio apresentou os efeitos negativos das chuvas no Rio Grande do Sul. Estas que, inclusive, afetaram a produção em outros estados, via a interrupção do fornecimento de componentes, como autopeças para a indústria automobilística. O desempenho para o segundo semestre ainda é incerto. Algumas variáveis devem impulsionar o setor, como o mercado de trabalho aquecido e aumento da renda, enquanto outros fatores deverão contribuir negativamente, como a interrupção do corte da taxa básica de juros e incertezas com relação ao desempenho das contas públicas. O impacto das chuvas do Rio Grande do Sul sobre a atividade, por sua vez, pode ser menor que o inicialmente esperado. Algumas instituições, como bancos, chegaram a estimar uma redução de 0,2 a 0,3 pontos percentuais sobre o PIB de 2024. Dados recentes, entretanto, indicam rápida recuperação do estado, com o desembolso de recursos destinados à reconstrução.

O faturamento real da indústria de transformação, que inclui 21 setores, recuou 3,8 em maio de 2024 frente ao mês anterior, na série dessazonalizada, de acordo com os Indicadores Industriais reportados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Também houve recuos de 2,3% e 1,2% nas horas trabalhadas na produção e rendimento médio, respectivamente. Os dados de emprego, por sua vez, indicam estabilidade.

Na comparação de maio com o mesmo mês de 2023, o faturamento real caiu 2,8%. A entidade atribuiu parte deste desempenho negativo ao efeito das enchentes no Rio Grande do Sul. O setor automotivo foi especialmente afetado, tanto pelas interrupções das cadeias produtivas decorrentes das chuvas, quanto de algumas greves de trabalhadores.

Apesar do resultado fraco de maio, o faturamento indústria de transformação ainda cresce 1,2% no acumulado do ano até maio, em relação aos cinco primeiros meses de 2023. No acumulado de 12 meses, o faturamento indústria de transformação ainda recua 2,3%.

As variáveis relacionadas à renda e emprego da indústria de transformação ainda se mantém em território positivo no ano. O emprego avança 1,5%, a massa salarial real 4,4% e o rendimento médio, 2,9%.

Para os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel, o mês de maio apresentou resultados ambíguos. O faturamento real da metalurgia caiu 4% em maio, na comparação com o mesmo mês de 2023. Este resultado segue um mês de abril cresceu 14,7% frente ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, o faturamento da metalurgia ainda recua 2,5%. No acumulado de 12 meses, o desempenho da metalurgia é ainda pior, com queda de 10,2% no faturamento real.

Em contrapartida, o setor produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) vem apresentando desempenho mais favorável neste ano. O faturamento cresceu 7,2% em maio comparado a igual mês de 2023. No acumulado até maio, o crescimento desta variável é de 7,3% e no acumulado de 12 meses, 0,7%.

Com relação ao emprego, a metalurgia recuou 4,1% e 3,3% nas comparações de abril e do acumulado janeiro a maio de 2024, em relação aos mesmos períodos de 2023, respectivamente. Os produtos de metal tiveram melhor desempenho para essas duas comparações, com avanços de 2,3% e 5,0%, respectivamente.

Os dados de Utilização de Capacidade Instalada (UCI) indicam recuo na metalurgia de 74% em abril para 65,6% em maio. Este patamar é inferior ao verificado em maio de 2023 (67,6%). Para os produtos de metal, o UCI manteve estabilidade em 79,8% em maio, com relação a abril. Trata-se de um patamar superior aos 77,8% verificados para maio de 2023.

 

As importações dos produtos processados de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel recuaram de 52.551 toneladas em maio para 51.393 em junho de 2024, de acordo com os dados fornecidos pelo Comex Stat. Esta queda de 2,2% representa o segundo mês seguido de redução no total do volume importado. Os dados se baseiam no consolidado que inclui 94 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul), de produtos fabricados por empresas associadas à entidade. Em termos de valor FOB, o total importado diminuiu de US$125,85 milhões para US$120,96 milhões.

Se analisarmos somente as importações oriundas da China, o volume importado subiu 3,8% entre maio e junho, de 24.988 para 25.950 toneladas. O valor FOB, por sua vez, cresceu de US$37,49 milhões para US$39,57 milhões.

Na comparação com junho de 2023, o volume importado em junho de 2024 cresceu 10,9%, ao passo que o valor FOB cresceu somente 0,1%. As importações chinesas caíram 4,2% e 9,5% em volume e valor FOB (US$), respectivamente.

O ano de 2024 ainda é marcado por forte aumento de produtos processados de aço. No acumulado de janeiro a junho de 2024, as importações totais subiram para 316.299 toneladas, um salto de 24,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado (253.263 toneladas). Em termos de valor FOB, as importações totalizaram US$747,96 milhões, alta de 5,5%. As importações da China se aceleraram mais que o total, totalizando 174.731 toneladas, um crescimento de 33,4% nesta base de comparação. O valor FOB dos produtos oriundos do país asiático cresceu 18,9%, atingindo US$257,83 milhões.

Esta desaceleração dos dois últimos meses pode decorrer dos aumentos recentes dos fretes internacionais, que apresentaram forte alta a partir de maio, de acordo com o Containerized Freight Index, elaborado pela Trading Economics. Este índice, que mapeia preços de fretes dos contêineres em portos chineses, saiu de 1.709 para 3.373 pontos entre o fim de abril e o começo de julho, um aumento de 118%. O efeito líquido para a produção nacional dos processadores de aço ainda é incerto. O aumento dos fretes internacionais também encarece e dificulta acesso a matérias-primas mais baratas, potencialmente afetando a produção dos no Brasil.