O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), continua a registrar otimismo em 21 dos 25 setores da indústria de transformação. Entretanto, este resultado decorre essencialmente do componente das expectativas.

Os resultados do outro componente, as condições atuais, trazem um quadro pessimista generalizado para a indústria brasileira, em que 21 dos 25 setores da indústria de transformação se encontram abaixo dos 50 pontos. Os índices são construídos de forma que valores superiores a 50 indicam otimismo e abaixo deste patamar, pessimismo.

Os dados para a metalurgia indicam que o índice de condições atuais deste setor permanece em território pessimista desde janeiro de 2023. Entretanto, o valor registrado para março de 2024, 46,6 pontos, é superior ao registrado no mês anterior: 45,6. Trata-se do terceiro mês seguido de crescimento, mas insuficiente para sair de território pessimista.

O desempenho das condições atuais da indústria de transformação como um todo caiu 0,2 pontos em março de 2024, atingindo 47,1 pontos. Os outros setores industriais avaliados, construção e extrativa, também experimentaram queda para 47,4 e 48,6 pontos, respectivamente.

Na avaliação dor porte, as três categorias se mantêm em território pessimista quanto às condições atuais no mês de março. As pequenas empresas tiveram leve alta de 0,1 ponto no índice (44,1 pontos em março). Entretanto, as empresas médias e de grande porte registraram piora neste mês: queda de 47,2 para 46,2 no primeiro grupo e de 49,8 para 49,3 no segundo.

As condições atuais nos resultados regionais também indicam pessimismo para as cinco regiões. O Nordeste entrou na faixa pessimista ao cair de 50,7 para 47,9 pontos. Sul e Sudeste registraram leve melhora; Norte e Centro-Oeste pioraram.

Apesar dos resultados globais do ICEI indicarem confiança dos empresários, esta não se mantém quando se analisa somente o componente das condições atuais. Este último indica um quadro de dificuldades generalizadas enfrentadas pela indústria.

O faturamento real da indústria de transformação, que inclui 21 setores, apresentou queda de 0,1% frente a dezembro de 2023, na série dessazonalizada, de acordo com os Indicadores Industriais reportados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Apesar do resultado negativo, as horas trabalhadas e o emprego aumentaram 0,4% e 0,3%.

Na comparação com janeiro de 2023, o faturamento real e as horas trabalhadas da indústria em janeiro de 2024 variaram 3,4% e 0,8%, respectivamente. Contudo, o emprego caiu 0,3% e a massa salarial real subiu 6,2%. Estes resultados indicam que o primeiro mês de 2024 foi melhor que o mesmo período do ano passado, mas o desempenho da indústria ainda é fraco, como evidenciado pela queda do faturamento frente a dezembro.

Entretanto, os resultados para os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel indicam desempenho inferior destes em relação ao total da indústria de transformação. O faturamento do setor de metalurgia avançou somente 0,7% em janeiro de 2024 frente ao mesmo mês no anterior. O setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), por sua vez, retraiu 7%.

Na comparação do acumulado em 12 meses, o resultado é fortemente negativo, com retração do faturamento real de 12,6% e 5,8% para a metalurgia e produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), respectivamente. Estes resultados contrastam com o desempenho da indústria de transformação que recuou 0,1% nesse mesmo período.

Com relação ao emprego, a indústria metalúrgica apresentou recuos de 2,3% na comparação com janeiro de 2023 e 2% no acumulado de 12 meses. Para o setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), o emprego aumentou 2,7% e 2,5% nas mesmas comparações, na contramão do faturamento.

As dificuldades dos setores defendidos pela Abimetal-Sicetel ficam evidenciadas na avaliação da série histórica de faturamento (ver gráfico). Ambos os setores estão obtendo faturamento inferior a 2006. O desempenho é ainda pior para a metalurgia, cujo faturamento se situa no mesmos patamares de 2016, em nível aproximadamente 40% inferior ao período de referência da série (média de 2006=100).