Os dados mais recentes divulgados na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) pelo IBGE indicam a indústria brasileira cresceu 0,1% no acumulado de janeiro a novembro de 2023 frente a igual período de 2022. Dos 18 locais pesquisados, apenas 10 registraram aumentos. Nesta comparação, a indústria de São Paulo registrou desempenho pior que o nacional, com queda de indústria paulista teve queda de 1,4% na produção.

Na comparação com o mês anterior, houve crescimento da produção industrial nacional 0,5% em novembro (série dessazonalizada). Dos 15 locais pesquisados, 9 registraram crescimento nesta medida. São Paulo registrou desempenho mais favorável que a média nacional: crescimento de 1,9%.

Na comparação entre novembro de 2023 frente a igual mês de 2022, foram registrados valores positivos para 12 dos 18 locais com dados disponíveis. Enquanto o resultado nacional apresentou crescimento de 1,3%, a indústria paulista caiu 0,3%.

Desempenho desfavorável para indústria paulista

Os dados acumulados do ano para São Paulo indicam que 10 dos 18 setores industriais sofreram quedas na produção. Enquanto alguns setores da indústria paulista se destacaram positivamente, como a produção têxtil e de produtos alimentícios, que registraram aumentos significativos de 9,4% e 6,4%, respectivamente, outros enfrentaram desafios notáveis. Destaque negativo foi observado nos segmentos consumidores de produtos siderúrgicos. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias experimentou uma queda de 7%, enquanto a metalurgia e a fabricação de máquinas e equipamentos apresentaram declínios mais acentuados, atingindo -9% e -9,6%, respectivamente.

Os dados revelam que a indústria no estado de São Paulo está atualmente operando a um nível 22% inferior ao seu ápice, registrado em março de 2011. Essa constatação reflete um desempenho ainda pior da indústria paulista quando comparada à média nacional, a qual está 17,6% aquém do seu ponto mais alto em maio de 2011.

Estes resultados são ainda mais graves quando se avalia a indústria metalúrgica isoladamente. O patamar de produção atual da indústria paulista está 32% abaixo do verificado no pico de produção em agosto de 2008. Trata-se do período imediatamente anterior à quebra do banco Lehman & Brothers nos Estados Unidos, que precipitou o agravamento da Crise Financeira de 2008. Estes resultados ilustram a escala de desafios a serem enfrentados pela indústria paulista.

As crescentes tensões no Oriente Médio impactaram severamente o frete marítimo internacional. Ataques dos houthis na costa do Iêmen prejudicaram as operações no canal de Suez, resultando em um expressivo aumento nos custos de transporte.

O custo médio para transportar um contêiner mais que dobrou, de US$ 1.520 em meados de dezembro/23 para US$ 3.070 em janeiro/24, incluindo fatores como os custos de combustível e seguros, que aumentaram cerca de 250%.

A costa do Iêmen desempenha um papel estratégico para o comércio internacional, sendo a entrada do canal de Suez no mar Vermelho, crucial para navios, especialmente os provenientes da Ásia, como da China, que buscam acessar a Europa de maneira mais eficiente. Aproximadamente 15% das exportações globais passam pela rota.

Os houthis vêm realizando ataques a navios desde novembro, intensificando suas ações no final de dezembro e na primeira quinzena de janeiro. A justificativa do grupo é a demonstração de apoio aos palestinos e ao Hamas, mirando principalmente embarcações dos Estados Unidos, aliado de Israel.

A coalizão liderada pelos EUA, com o apoio de países europeus, recentemente iniciou uma ofensiva para destruir as bases houthis. Em resposta, o grupo ameaça continuar atacando considerando esses países inimigos.

Como resultado, empresas marítimas globais, incluindo a Maersk, precisaram alterar suas rotas, aumentando o tempo médio de viagem em cerca de 11 dias.
O desvio impactou o preço do transporte de contêineres, elevando-o em mais de 200% nas rotas que conectam o porto de Xangai, na China, às cidades de Gênova, na Itália, e Roterdã, na Holanda.

A necessidade de ampliar o número de navios nessas rotas pode afetar mercados menores, como o Brasil, à medida que embarcações são redirecionadas para atender à demanda.