No mês de setembro de 2024, as duas categorias em que se incluem os setores processadores de aço apresentaram comportamento divergente, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), conduzida pelo IBGE. A produção da metalurgia avançou 2,4% em relação a agosto (série dessazonalizada), enquanto os produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) recuaram 1,4% na mesma comparação. Os dados (revisados) de agosto indicam quedas em relação a julho de 2,1% e 4,1%, respectivamente.

As comparações das séries sem ajustes sazonais trouxeram algumas notícias positivas. Na comparação de setembro de 2024 em relação ao mesmo mês de 2023, a produção da metalurgia cresceu 6,7% e os produtos de metal, 8,7%. No acumulado do ano (janeiro a setembro de 2024 ante mesmo período de 2023), o crescimento destes setores é positivo: 1,1% e 4,2%, respectivamente. Já no acumulado de 12 meses, os produtos de metal continuam a apresentar resultado positivo (2,4%), enquanto para a metalurgia, o resultado mais favorável de setembro permitiu zerar a série desse setor.

O IBGE também publica informações de aberturas adicionais dentro das duas categorias acima. Uma dessas categorias com produtos de empresas atendidas pela Abimetal-Sicetel é a Fabricação de produtos de trefilados de metal, inserida dentro dos produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). A produção de trefilados vem apresentando desempenho altamente negativo em 2024, com recuos de 6,8% e 6,6% no acumulado do ano e em 12 meses, respectivamente.

A indústria geral registrou crescimento de 1,1% em setembro contra agosto (série dessazonalizada), resultado determinado pelo desempenho da indústria de transformação (+1,7%), que contrabalançou o desempenho negativo das indústrias extrativas (-1,3%). No acumulado do ano, a indústria geral cresce 3,1%, enquanto no acumulado de 12 meses, a variação é de 2,6%. Para a indústria de transformação, o crescimento nessas comparações é de 3,3% e 2,4%, respectivamente.

Apesar do crescimento da indústria de transformação, metade dos seus 24 setores apresentaram quedas em setembro, refletindo a heterogeneidade de desempenho entre os setores. No acumulado do ano, o desempenho positivo tende a ser mais disseminado, com crescimento em 19 de seus 24 setores.

Os resultados da pesquisa Sondagem Industrial da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para setembro de 2024 apontam recuo da produção da indústria geral (transformação e extrativa) em setembro frente a agosto, de forma disseminada, inclusive com queda na metalurgia. O setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), por sua vez, apresentou leve crescimento no período.

O índice de evolução da produção industrial (indústria de transformação e extrativa) recuou para 48,8 pontos em setembro, território de retração. Os índices usados para mensurar o desempenho são construídos de maneira que valores acima de 50 pontos indicam aumento em relação ao mês anterior, valores abaixo de 50 indicam retração. Quanto mais distante de 50, mais intensa é a variação do indicador. Esta queda na produção veio após dois meses seguidos de crescimento.

A Utilização da Capacidade Instalada da indústria geral manteve o patamar de 72% pelo segundo mês seguido. O índice do número de empregados avançou, de 50,7 em agosto para 51,1 em setembro, indicando expansão da mão-de-obra, mesmo num mês com contração da produção. Trata-se do terceiro mês seguido de aumento do emprego industrial.

No corte regional, houve contração em quatro das cinco regiões. Somente o Centro-Oeste registrou estabilidade. As quatro regiões com contração vinham de dois meses seguidos de expansão. Na avaliação por porte de empresa, as três categorias (pequena, média e grande) apresentaram indicadores refletindo contração da produção em setembro.

Após o final de cada trimestre a CNI inclui os resultados da pesquisa sobre os principais problemas apontados pelos empresários industriais pesquisados. A carga tributária permanece como o principal problema no terceiro trimestre, apontada por 33,6% dos respondentes, seguido por falta ou alto custo de matéria-prima (24,9%) e falta ou alto custo do trabalhador qualificado (23%). A falta de demanda interna, que havia sido a segunda maior preocupação no segundo trimestre, passou para quarto lugar.

Setores Processadores de Aço

Os setores processadores de aço, defendidos pela Abimetal-Sicetel, estão inclusos em duas categorias da indústria: metalurgia e fabricação de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Estes apresentaram comportamento divergente. A metalurgia sofreu forte queda na produção, ao registrar 46,5 pontos. Este resultado ocorre após dois meses de expansão. Os produtos de metal, que

vinham de um mês de forte expansão em agosto (53 pontos), registraram leve crescimento em setembro (50,6 pontos).

Com relação ao emprego, a metalurgia registrou 49,5 pontos, valor inferior ao limiar de 50 pelo quinto mês seguido. O indicador de emprego para os produtos de metal apresenta um quadro mais favorável, atingindo 52,2 em setembro, após registrar estabilidade em agosto.

As expectativas são medidas por indicadores com índices que variam de 0 a 100, sendo que valores acima de 50 indicam expectativa de crescimento e abaixo desse limite, expectativa de queda. Para os dois setores processadores de aço, as expectativas de demanda e de empregados permanecem acima de 50 em outubro. Entretanto, alguns indicadores refletem cautela. A expectativa de investimento está em território positivo para os produtos de metal (52,8), mas negativo para a metalurgia (48). Este último resultado reflete as dificuldades enfrentadas pelo setor e a falta de perspectiva de melhora suficiente para estimular investimentos.

Sobre a facilidade de acesso ao crédito (indicador trimestral), houve melhora no terceiro trimestre, com a metalurgia registrando 44,4 pontos e os produtos de metal 41,4, contra 39,4 e 35 no segundo trimestre, respectivamente. Apesar da melhora dos indicadores, estes ainda se encontram abaixo dos 50 pontos, refletindo a dificuldade de acesso ao crédito.

 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apresentou recuo da confiança em 18 dos 29 setores da indústria analisados no mês de outubro de 2024. Os dois setores nos quais se inserem as indústrias processadoras de aço (metalurgia e produtos de metal – exceto máquinas e equipamentos) apresentaram comportamentos divergentes. A metalurgia apresentou recuo da confiança, enquanto os produtos de metal tiveram melhora nesse indicador. Os índices são construídos de forma que valores superiores a 50 indicam otimismo e abaixo deste patamar, pessimismo. O índice se divide, por sua vez, em dois componentes: condições atuais e expectativas.

A indústria geral caiu levemente, de 53,3 em setembro para 52,2 em outubro. Nesta mesma comparação, dois de seus três componentes avançaram: a indústria extrativa recuou de 57,3 para 54,6, enquanto a de transformação de 53,7 para 52,9. O terceiro componente, indústria da construção, avançou de 53,3 para 54,5.

Analisando-se as categorias da indústria de transformação, 16 dos 25 setores apresentaram quedas nos índices em outubro, sendo que 20 se encontram em campo otimista, contra 23 em setembro.

As categorias em que se incluem os processadores de aço (inclusos na indústria de transformação) defendidos pela Abimetal-Sicetel apresentaram comportamentos divergentes. A metalurgia recou de 53,3 em setembro para 52 em outubro. A categoria produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) avançou de 51,2 para 54 no mesmo período. Apesar da queda na metalurgia, os dois setores se encontram em território otimista.

Ao investigar as aberturas dos índices, podemos ver que a razão do otimismo decorre do componente das expectativas. Estes apresentam valores mais elevados que os índices de condições atuais. Os índices de expectativas da metalurgia variaram entre setembro e outubro de 55,9 para 55, enquanto dos produtos de metal, saíram de 52,8 para 56,9.

O efeito das expectativas traz um quadro muito mais otimista dos setores processadores que o verificado nas condições atuais, que traz um quadro mais condizente com as dificuldades do setor. Este último índice variou de 48,2 para 46,1 para a metalurgia entre setembro e outubro; para os produtos de metal, houve melhora de 47,9 para 49,3. O pessimismo de ambos os setores com relação às condições atuais se mantém desde janeiro de 2023.

Estes setores vêm sofrendo com a forte entrada de produtos importados, especialmente da China. Com relação aos produtos defendidos pela Abimetal-Sicetel, foram importadas 520.600 toneladas de janeiro a setembro de 2024, um aumento de 23,6% em relação ao mesmo período de 2023. O país asiático vem ganhando espaço, saindo de 54,6% de participação em 2023 (até setembro) para 57,2% em 2024. Esta tendência tende a se manter, em decorrência da desaceleração econômica daquele país (necessidade de desova do excesso de capacidade via exportações) e fechamento de outros mercados aos produtos chineses.