O desempenho da indústria em São Paulo foi superior ao verificado para o país como um todo no mês de janeiro, de acordo com a Pesquisa Industria Mensal – Produção Física, publicada pelo IBGE. A indústria paulista cresceu 0,8% em janeiro de 2024 frente ao mês anterior (série dessazonalizada). Esse resultado é superior ao resultado nacional, que contraiu 1,6%. Outro resultado positivo foi a alta de 4,6% na comparação com janeiro de 2023, enquanto o resultado nacional foi elevação de 3,6%.

Apesar de um resultado positivo em janeiro, a produção da indústria paulista contraiu 1,1% no acumulado em 12 meses. No Brasil como um todo houve aumento de 0,4%, com crescimento em 10 dos 18 locais pesquisados.

Quando se avalia o desempenho dos setores processadores de aço defendidos pela Abimetal e Sicetel, verifica-se, na comparação de janeiro de 2024 com o mesmo mês do ano anterior, crescimento de 5,7% da metalurgia e queda de 1,2% de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos).

Apesar do resultado positivo da metalurgia em janeiro, a situação de ambos os setores na comparação do acumulado de 12 meses é de forte retração. Houve contração de 7,4% para a metalurgia e 4,1% para o setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Novamente, trata-se de um desempenho inferior ao resultado nacional, com quedas de 2,4% e 3,2%, respectivamente.

Os resultados para a indústria não acompanharam o nível de crescimento da economia brasileira em 2023. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,9% em 2023, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Analisando o lado da oferta, houve crescimento de 15,1% da Agropecuária, 2,4% dos Serviços e 1,6% da Indústria.

Das quatro categorias da Indústria, a Extrativa e Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceram 8,7% e 6,5% em 2023, respectivamente. Entretanto, as outras categorias registraram retração. A Indústria de Construção fechou o ano com queda 0,5%. A Indústria de Transformação apresentou o pior desempenho, com queda de 1,3%.

Na comparação com o trimestre anterior (com ajuste sazonal), o PIB do quarto trimestre de 2023 apresentou estagnação. A Agropecuária sofreu queda de 5,3%, enquanto os serviços cresceram 0,3% e a Indústria, 1,3%. O desempenho positivo da Indústria no quarto trimestre foi influenciado pelo setor extrativo (4,7%), Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,8%) e Construção Civil (4,2%). Entretanto, a Indústria de Transformação continuou a apresentar fraco desempenho (queda de 0,2%).

O ano de 2023 fechou com um crescimento surpreendente quando comparado às estimativas do começo daquele ano (crescimento de 0,8 no relatório Focus de 06 de janeiro de 2023). Este resultado contou com excepcional crescimento da Agropecuária, especialmente no primeiro trimestre, que avançou 20,9% frente ao quarto trimestre de 2022).

Do lado da Demanda, contribuíram positivamente ao crescimento anual o Consumo das Famílias (3,1%) e do Governo (1,7%) e Exportações (9,1%). As importações retraíram 1,2%. Entretanto, a Formação Bruta de Capital Fixo apresentou forte queda de 3% no ano. Este último resultado contribuiu para a queda dos Investimentos como proporção do PIB: de 17,8% em 2022 para 16,5% em 2023.

Apesar do resultado anual negativo, a Formação Bruta de Capital Fixo voltou a crescer no quarto trimestre na comparação com o trimestre anterior: 0,9%. Isto se deu após quatro trimestres de queda. Para 2024, este componente pode ser impulsionado pela queda nas taxas de juros e programas anunciados pelo Governo, como a Nova Indústria Brasil, a Depreciação Acelerada e obras de Infraestrutura.

Para a Indústria de Transformação, 2023 foi novamente um ano decepcionante, apresentando desempenho inferior ao de outros componentes e mesmo dentro da própria indústria. O ano passado foi marcado pela forte entrada

de produtos importados, especialmente oriundos da China. Para 2024, as perspectivas continuam desfavoráveis, tendo em vista o recente fenômeno deflacionário observado no país asiático.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), continua a registrar otimismo em 21 dos 25 setores da indústria de transformação. Entretanto, este resultado decorre essencialmente do componente das expectativas.

Os resultados do outro componente, as condições atuais, trazem um quadro pessimista generalizado para a indústria brasileira, em que 21 dos 25 setores da indústria de transformação se encontram abaixo dos 50 pontos. Os índices são construídos de forma que valores superiores a 50 indicam otimismo e abaixo deste patamar, pessimismo.

Os dados para a metalurgia indicam que o índice de condições atuais deste setor permanece em território pessimista desde janeiro de 2023. Entretanto, o valor registrado para março de 2024, 46,6 pontos, é superior ao registrado no mês anterior: 45,6. Trata-se do terceiro mês seguido de crescimento, mas insuficiente para sair de território pessimista.

O desempenho das condições atuais da indústria de transformação como um todo caiu 0,2 pontos em março de 2024, atingindo 47,1 pontos. Os outros setores industriais avaliados, construção e extrativa, também experimentaram queda para 47,4 e 48,6 pontos, respectivamente.

Na avaliação dor porte, as três categorias se mantêm em território pessimista quanto às condições atuais no mês de março. As pequenas empresas tiveram leve alta de 0,1 ponto no índice (44,1 pontos em março). Entretanto, as empresas médias e de grande porte registraram piora neste mês: queda de 47,2 para 46,2 no primeiro grupo e de 49,8 para 49,3 no segundo.

As condições atuais nos resultados regionais também indicam pessimismo para as cinco regiões. O Nordeste entrou na faixa pessimista ao cair de 50,7 para 47,9 pontos. Sul e Sudeste registraram leve melhora; Norte e Centro-Oeste pioraram.

Apesar dos resultados globais do ICEI indicarem confiança dos empresários, esta não se mantém quando se analisa somente o componente das condições atuais. Este último indica um quadro de dificuldades generalizadas enfrentadas pela indústria.