O faturamento real da indústria de transformação, que inclui 21 setores, recuou 3,8 em maio de 2024 frente ao mês anterior, na série dessazonalizada, de acordo com os Indicadores Industriais reportados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Também houve recuos de 2,3% e 1,2% nas horas trabalhadas na produção e rendimento médio, respectivamente. Os dados de emprego, por sua vez, indicam estabilidade.

Na comparação de maio com o mesmo mês de 2023, o faturamento real caiu 2,8%. A entidade atribuiu parte deste desempenho negativo ao efeito das enchentes no Rio Grande do Sul. O setor automotivo foi especialmente afetado, tanto pelas interrupções das cadeias produtivas decorrentes das chuvas, quanto de algumas greves de trabalhadores.

Apesar do resultado fraco de maio, o faturamento indústria de transformação ainda cresce 1,2% no acumulado do ano até maio, em relação aos cinco primeiros meses de 2023. No acumulado de 12 meses, o faturamento indústria de transformação ainda recua 2,3%.

As variáveis relacionadas à renda e emprego da indústria de transformação ainda se mantém em território positivo no ano. O emprego avança 1,5%, a massa salarial real 4,4% e o rendimento médio, 2,9%.

Para os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel, o mês de maio apresentou resultados ambíguos. O faturamento real da metalurgia caiu 4% em maio, na comparação com o mesmo mês de 2023. Este resultado segue um mês de abril cresceu 14,7% frente ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, o faturamento da metalurgia ainda recua 2,5%. No acumulado de 12 meses, o desempenho da metalurgia é ainda pior, com queda de 10,2% no faturamento real.

Em contrapartida, o setor produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) vem apresentando desempenho mais favorável neste ano. O faturamento cresceu 7,2% em maio comparado a igual mês de 2023. No acumulado até maio, o crescimento desta variável é de 7,3% e no acumulado de 12 meses, 0,7%.

Com relação ao emprego, a metalurgia recuou 4,1% e 3,3% nas comparações de abril e do acumulado janeiro a maio de 2024, em relação aos mesmos períodos de 2023, respectivamente. Os produtos de metal tiveram melhor desempenho para essas duas comparações, com avanços de 2,3% e 5,0%, respectivamente.

Os dados de Utilização de Capacidade Instalada (UCI) indicam recuo na metalurgia de 74% em abril para 65,6% em maio. Este patamar é inferior ao verificado em maio de 2023 (67,6%). Para os produtos de metal, o UCI manteve estabilidade em 79,8% em maio, com relação a abril. Trata-se de um patamar superior aos 77,8% verificados para maio de 2023.

 

As importações dos produtos processados de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel recuaram de 52.551 toneladas em maio para 51.393 em junho de 2024, de acordo com os dados fornecidos pelo Comex Stat. Esta queda de 2,2% representa o segundo mês seguido de redução no total do volume importado. Os dados se baseiam no consolidado que inclui 94 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul), de produtos fabricados por empresas associadas à entidade. Em termos de valor FOB, o total importado diminuiu de US$125,85 milhões para US$120,96 milhões.

Se analisarmos somente as importações oriundas da China, o volume importado subiu 3,8% entre maio e junho, de 24.988 para 25.950 toneladas. O valor FOB, por sua vez, cresceu de US$37,49 milhões para US$39,57 milhões.

Na comparação com junho de 2023, o volume importado em junho de 2024 cresceu 10,9%, ao passo que o valor FOB cresceu somente 0,1%. As importações chinesas caíram 4,2% e 9,5% em volume e valor FOB (US$), respectivamente.

O ano de 2024 ainda é marcado por forte aumento de produtos processados de aço. No acumulado de janeiro a junho de 2024, as importações totais subiram para 316.299 toneladas, um salto de 24,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado (253.263 toneladas). Em termos de valor FOB, as importações totalizaram US$747,96 milhões, alta de 5,5%. As importações da China se aceleraram mais que o total, totalizando 174.731 toneladas, um crescimento de 33,4% nesta base de comparação. O valor FOB dos produtos oriundos do país asiático cresceu 18,9%, atingindo US$257,83 milhões.

Esta desaceleração dos dois últimos meses pode decorrer dos aumentos recentes dos fretes internacionais, que apresentaram forte alta a partir de maio, de acordo com o Containerized Freight Index, elaborado pela Trading Economics. Este índice, que mapeia preços de fretes dos contêineres em portos chineses, saiu de 1.709 para 3.373 pontos entre o fim de abril e o começo de julho, um aumento de 118%. O efeito líquido para a produção nacional dos processadores de aço ainda é incerto. O aumento dos fretes internacionais também encarece e dificulta acesso a matérias-primas mais baratas, potencialmente afetando a produção dos no Brasil.

  

Vivemos um momento de transição em diversos aspectos e a preocupação mundial com a descarbonização é uma realidade que nossa indústria nacional precisa encarar, se adaptar e participar das mudanças. É uma preocupação para os grandes, médios e até pequenos industriais. Os produtos metalúrgicos representam um papel importante para o compromisso do país na redução de poluentes e devemos preparar nossa participação.

O processo de descarbonização abrange uma série de ações com objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, não é só uma tendência, mas uma necessidade para a garantia de um futuro sustentável. Para a indústria brasileira, em especial as pequenas e médias, essa transição pode ser desafiadora a curto prazo, mas a longo prazo é vantajosa.

Para o setor produtivo as mudanças também são imediatas, mas o maior desafio é manter o equilíbrio dessa equação que move um país, que é a indústria geradora de empregos, motor pungente de qualquer economia estar sempre com a inovação em dia sem comprometer a sustentabilidade, tão urgente e necessária.

A adaptação ao novo cenário não depende só de nós, mas também do governo, que precisa apoiar o investimento em pesquisa e desenvolvimento e, mais do que isso, demonstrar além da vontade política para promover ações incisivas e dar o suporte necessário.

No último mês o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) deu início à construção da Política Nacional de Descarbonização da Indústria (PNDI), com a meta de traçar estratégias para redução de gases de efeito estufa. O secretário de Indústria Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Rodrigo Rollemberg, afirmou a necessidade da política de descarbonização dos setores estar alinhada ao fortalecimento da indústria nacional e a notória urgência de um projeto voltado para a indústria do aço. Estamos atentos para ver a iniciativa chegar à realidade de nossas fábricas.

Junto a isso, o plano de trabalho do “HUB de Descarbonização Industrial do Brasil” como resultado do acordo de cooperação entre Brasil e Reino Unido, é uma mobilização de parceria para a descarbonização do setor industrial com a proposta de facilitar o intercâmbio entre parceiros bilaterais (nacionais e internacionais), fundos multilaterais, programas de assistência técnica, coalizões e iniciativas do setor privado e do governo brasileiro para apoiar a transição.

Pela Abimetal e o Sicetel já estamos fazendo nossa parte. Na última reunião apresentamos a estrutura do Senai que pode contribuir com nossa indústria processadora de aço e do Centro de Descarbonização. Formamos um grupo de trabalho que vai coordenar os trabalhos de levantamento do inventário da pegada de carbono nas indústrias dos nossos associados e a possibilidade de um programa direcionado para o nosso segmento.

Precisamos avançar e, ao fazer esse caminho como parte de uma entidade representativa como a Abimetal é a escolha mais segura e eficiente para garantirmos a competitividade e o desenvolvimento do setor.