O faturamento real da indústria de transformação, que inclui 21 setores, caiu 0,6% em março de 2024 frente ao mês anterior, na série dessazonalizada, de acordo com os Indicadores Industriais reportados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Também houve recuo de 1,6% nas horas trabalhadas na produção. Os dados de emprego e rendimento médio real, por sua vez, tiveram alta de 0,5% e 3,4%, respectivamente.

Na comparação de março com o mesmo mês de 2023, o faturamento real recuou 4,3%. O resultado negativo também ocorre para o acumulado do ano até março, com queda de 0,4% em relação ao primeiro trimestre de 2023. Estes resultados negativos anulam o crescimento verificado no primeiro bimestre, que cresceu 2% na comparação com o primeiro bimestre do ano passado. No acumulado de 12 meses, o faturamento real da indústria de transformação recuou 3,4%.

As variáveis relacionadas ao emprego e rendimento médio real, por sua vez, mantiveram saldo positivo para o primeiro trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2023, essas variáveis cresceram 1,2% e 4,2%, respectivamente.

Na análise setorial para os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel, o faturamento real da metalurgia teve uma forte queda de 11,5% em março, na comparação com o mesmo mês de 2023. No primeiro trimestre, essa variável recuou 7,2% com relação ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado de 12 meses, o faturamento real da metalurgia caiu 12,8%.

Para os produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), houve crescimento de 0,6% do faturamento real em relação a março de 2023 e de 3,3% no primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano anterior. O desempenho em 12 meses, entretanto, continua em campo negativo, com queda de 1,7%.

Com relação ao emprego, a metalurgia recuou 3,7% e 3% nas comparações de março e do 1º trimestre em 2024, em relação aos mesmos períodos de 2023, respectivamente. Os produtos de metal tiveram melhor desempenho para essas duas comparações: 9,9% e 7,1%, respectivamente.

Analisando-se a Utilização de Capacidade Instalada (UCI), a metalurgia se encontra em 63,5% em março, patamar com forte queda em relação ao valor de 70,9% a similar mês de 2023. Para os produtos de metal, houve melhora, com o UCI saltando de 77,7% em março de 2023 para 78,2% em 2024.

Enquanto os produtos de metal mantêm um patamar de faturamento próximo ao final de 2021, a metalurgia segue com tendência de queda, após o pico recente em junho de daquele ano.

O índice de evolução da produção industrial (indústria de transformação e extrativa) registrou 51 pontos em março de 2024, o que indica aumento frente ao mês anterior, de acordo com a Sondagem Industrial da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Os índices usados para mensurar o desempenho são construídos de maneira que valores acima de 50 pontos indicam aumento, valores abaixo de 50 indicam retração. Quanto mais distante de 50, mais intensa é a variação do indicador.

A CNI ressalta que, apesar do resultado positivo, o indicador se encontra 0,2% abaixo da média histórica para março (51,2 pontos). O indicador também registra quedas na produção em oito dos últimos 12 meses. A Utilização da Capacidade Instalada apresentou estabilidade na comparação com fevereiro, mantendo o patamar de 68%, valor levemente inferior a março de 2023 (69%).

Os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel continuaram a apresentar fraco desempenho, inferior ao verificado para o total da indústria. O índice de produção da indústria metalúrgica para março registrou 48 pontos. Em 10, dos últimos 12 meses, o setor apresentou índices inferiores a 50, indicando queda na produção frente ao mês anterior.

A CNI também divulgou as respostas do questionário trimestral sobre os principais problemas apontados pelas indústrias. Neste questionário, o industrial aponta os três principais problemas para sua empresa. Os resultados mais recentes (primeiro trimestre de 2024) indicam que o maior problema continua sendo a elevada carga tributária (35,7%), seguida da demanda interna insuficiente (30,6%) e falta ou alto custo de matéria-prima (19,6%). Outros fatores com pontuação expressiva são a falta ou alto custo de trabalhador qualificado (19,1%), altas taxas de juros (18,9%) e competição desleal (17,1%).

A pesquisa da Sondagem Industrial também trouxe uma melhora das expectativas dos industriais (mês de referência dessas variáveis é abril) com relação a demanda, compras, investimentos e investimento. Resta saber se estas se converterão em realidade após as instabilidades recentes da economia mundial (inflação mais forte nos EUA), tensões geopolíticas e incertezas com relação às políticas fiscal e monetária aqui no Brasil.

Em fevereiro de 2024 a produção indústria recuou 0,3% frente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, segundo dados da Produção Industrial Mensal – Produção Física anunciados pelo IBGE. O resultado veio abaixo do esperado pela FIESP (-0,1%) e do mercado (+0,3%). Trata-se do segundo mês seguido de queda.

Na comparação com fevereiro de 2023, a indústria cresceu 5%, uma aceleração frente ao registrado em janeiro, em que o crescimento frente a janeiro de 2023 foi de 3,7% (série sem ajuste sazonal). No acumulado de janeiro e fevereiro de 2024, o crescimento frente ao primeiro bimestre de 2023 foi de 4,3%.

Na comparação para o acumulado em 12 meses, a indústria avançou 1,0% em fevereiro, uma aceleração frente a janeiro, quando essa medida variou 0,4%.

A indústria extrativa recuou 0,3% frente a janeiro, mas seu desempenho ainda se encontra acima do desempenho do total da indústria. O crescimento no bimestre de 2024 frente ao mesmo período de 2023 e no acumulado de 12 meses atingiu 6,1% e 7,5%, respectivamente.

A indústria de transformação registrou estabilidade em fevereiro na comparação com o mês anterior. O primeiro bimestre de 2024 apresentou variação de 4% frente a igual período de 2023. Entretanto, o desempenho é bastante pior quando se compara o desempenho no acumulado de 12 meses: queda de 0,2%.

Dentro da indústria de transformação, 13 dos 24 setores apresentaram altas na comparação com janeiro. A comparação de fevereiro e do primeiro bimestre com os respectivos períodos para 2023 indicam altas em 19 destes setores. Esse desempenho levemente mais favorável no começo de 2024 ainda não foi suficiente para reverter o mau desempenho no acumulado de 12 meses: quedas em 16 setores.

A indústria metalúrgica, que inclui grande parte das empresas associadas à Abimetal-Sicetel, continua enfrentado dificuldades, registrando queda de 0,3% em fevereiro de 2024 frente ao mês anterior. Na comparação com fevereiro de 2023, houve leve alta de 0,3%. O primeiro bimestre um pouco mais favorável é indicado pelo crescimento de 1,7% frente a igual período de 2023. Entretanto, o desempenho do setor ainda é bastante fraco para o acumulado de 12 meses: queda de 2,1%.

Os resultados negativos para a indústria geral refletem o recuo da indústria extrativa. Para a indústria de transformação, o começo de ano foi mais favorável, quando comparado com 2023, mas o desempenho fraco se revela na comparação do acumulado de 12 meses.

O setor metalúrgico voltou para território negativo em fevereiro, após registrar alta de 1,9% em janeiro (na comparação com dezembro de 2023). Este é um sinal de que o resultado favorável para janeiro tenha sido momentâneo e que a tendência de contração deve se manter nos próximos meses.