Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) para fevereiro de 2024 indicaram um saldo de 306.111 vagas de emprego formal na comparação com o mês anterior. A indústria de transformação, por sua vez, foi responsável pela criação líquida de 51.870 vagas, com destaque para os seguintes setores: produtos alimentícios (+6.039), produtos de fumo (+5.984) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (+4.422).

A contribuição da metalurgia foi pequena, com criação de 845 vagas, totalizando 228.842 empregos no setor em fevereiro. Trata-se de um aumento de 0,37%, inferior ao crescimento para a indústria de transformação (0,66%).

Os setores atualmente representados pela Abimetal e Sicetel estão inclusos dentro da metalurgia e a fabricação de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Estes setores incluem a produção de arames, relaminados, trefilados e perfilados de aço, outros tubos de ferro e aço e trefilados de metal (exceto padronizado). O somatório dos dados do CAGED para estes setores resulta no acréscimo de 297 vagas em fevereiro de 2024, frente a janeiro, totalizando 27.867 empregos. Trata-se de um aumento de 1,08%. Entretanto, este resultado é menos otimista quando se compara com fevereiro de 2023, quando o número de empregos era 27.576. Ou seja, um número muito próximo ao de janeiro de 2024 (57.570), indicando o fraco desempenho destes setores durante todo o ano passado.

Apesar da criação de empregos em fevereiro e alguns dados positivos da economia, como as vendas no varejo e mercado de trabalho aquecido, a perspectiva para os setores representados pela Abimetal e Sicetel este ano ainda é desfavorável. Além da demanda interna fraca, condições restritivas de crédito e alta carga tributária, as empresas têm que enfrentar a competição com importações. Estas subiram 73% (em tonelagem) no acumulado de janeiro e fevereiro de 2024 frente ao mesmo período de 2023.

A indústria cresceu 0,5% em novembro de 2023 frente ao mês anterior na série com ajuste sazonal, de acordo com os resultados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), a cargo do IBGE. Trata-se da quarta alta mensal seguida. Este desempenho teve influência de resultados positivos para a indústria extrativa (3,4%), alimentícia (2,8%) e metalurgia (0,8%). Entretanto, a indústria de transformação (que inclui 24 setores, entre eles a metalurgia) teve queda de 0,2%.

Estes resultados colocam a produção industrial em patamar 1,3% superior a novembro de 2022. Mas, o desempenho da indústria de transformação e da metalurgia é negativo, com quedas de 0,9% e 6,1% nesta mesma comparação.

No acumulado do ano, a indústria geral registra crescimento de 0,1%, com alta de 6,1% da indústria extrativa. A indústria de transformação apresentou queda de 0,9%, com 15 dos 24 setores apresentando resultados negativos. Entre estão a indústria metalúrgica e a fabricação de máquinas e equipamentos, com quedas de 3% e 7%, respectivamente.

Estes resultados reafirmam o fraco desempenho do setor industrial no ano de 2023, cujo PIB deve crescer próximo a 3%. O ano de 2024 deverá ser marcado por novas quedas na taxa SELIC, com o Banco Central mantendo o ritmo das quedas (0,5%) nas próximas reuniões do COPOM. A expectativa do mercado, conforme indicado pelo Boletim Focus mais recente datado de 29/12/2023, sugere que a taxa SELIC encerrará 2024 em 9% ao ano. Esse cenário implica em juros reais aproximados de 5%, considerando a projeção de inflação esperada de 3,9%.

A queda nos juros, possibilitada pela continuidade do processo desinflacionário, deverá facilitar as condições de crédito, trazendo algum alento para a indústria. O mercado de trabalho também deve apresentar desempenho favorável, com novas quedas na taxa de desemprego. Entretanto, a falta de competitividade de muitos setores industriais permanecerá.

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) disponibilizou os resultados setoriais do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) para janeiro de 2024. De acordo com a entidade 23 dos 29 setores iniciaram o ano confiantes (índice acima de 50), com melhoras verificadas na indústria extrativa, construção civil e de transformação. Setores defendidos pela Abimetal-Sicetel, como a metalurgia e produtos de metal, apresentaram valores acima de 50, indicando melhora na confiança em relação ao mês anterior (a metalurgia saiu de 49,9 para 52,7).

Separando por porte da empresa, as três classes apresentaram avanços, dando continuidade à melhora verificada para dezembro, quando saíram da zona de falta de confiança. Com relação à distribuição geográfica, as cinco regiões do país registraram índices acima dos 50 pontos, com destaque para a região Sul que saiu de um patamar de 48,3 em dezembro de 2023 para 50,2 pontos em janeiro de 2024. Somente a região Centro-Oeste apresentou queda (53,6 ante 54,6), mas se mantendo na zona de confiança.

Estes resultados positivos decorrem da melhora das expectativas dos empresários. A análise do outro componente dos índices, as condições atuais das empresas e da economia brasileira, retrata um quadro menos favorável. O índice das condições atuais para o agregado da indústria melhorou em janeiro de 2024 na comparação com o mês anterior (48,3 contra 46,8 em dezembro de 2023), mas ainda permanece na zona de falta de confiança. Com relação ao porte, as pequenas e médias empresas se situam abaixo de 50 pontos, enquanto as grandes tiveram avanço para 50. No corte regional, os índices para as cinco regiões do país melhoraram, mas permanecem na zona de falta de confiança em quatro deles, com exceção para o Nordeste.

Na divisão por área de atuação, 24 dos 29 setores se situavam na zona de falta de confiança avaliando-se somente as condições atuais para janeiro de 2024. Tanto a metalurgia quanto os produtos de metal continuam em situação desfavorável: valores de 44,3 e 45,8, respectivamente. Apesar de uma ligeira melhora frente ao mês anterior, estes valores se encontram distantes do limiar de 50, transição para a zona de confiança.