Os resultados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, a cargo do IBGE para o mês de julho de 2024 trouxeram dados positivos para os setores em que se incluem as indústrias processadoras de aço, defendidas pela Abimetal-Sicetel. Estes resultados contrastam com a contração da indústria geral no mesmo período.

Para os dois setores em que se incluem as atividades processadoras de aço, a metalurgia e a fabricação de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), a produção do mês de julho apresentou, respectivamente, crescimento de 2% e 8,4% na comparação com junho (série dessazonalizada). Estes resultados dão continuidade ao crescimento verificado em junho, que se seguiu ao mês de maio, marcado por quedas na produção destes dois setores. Os dados de junho também foram revisados para cima. A metalurgia cresceu 5,1% e os produtos de metal, 2%. Na divulgação anterior, estes valores haviam sido 5% e 1,4%, respectivamente.

O índice de produção da metalurgia em julho de 2024 foi 4,8% superior ao mesmo mês de 2023, mas, em outras comparações, o desempenho é pior, evidenciando as dificuldades de longo prazo deste setor. O crescimento dos primeiros sete meses deste ano frente ao mesmo período do ano passado a metalurgia se reduz a apenas 0,1%, enquanto no acumulado de 12 meses ainda há retração, com recuo de 1,2%.

Os produtos de metal apresentam um desempenho mais favorável. A produção cresceu 13,9% em julho de 2024 frente ao mesmo mês de 2023. No total deste ano a produção deste setor variou 3,1% comparado com janeiro a julho do ano passado, mas no acumulado de 12 meses, o crescimento é pior: somente 0,4%.

A indústria geral recuou 1,4% em julho em relação a junho (série dessazonalizada). Houve queda nos seus dois componentes: indústria de transformação (-1,3%) e extrativa (-2,4%). Apesar, do resultado negativo, a queda da indústria de transformação foi concentrada em 6 dos seus 24 setores, com destaque para o desempenho da indústria de alimentos (-3,8%), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-3,9%) e celulose (-3,2%). Estes resultados negativos são decorrentes, segundo o IBGE, da base mais alta de comparação em junho e de fatores específicos, como secas (que afetaram processamento de cana-de-açúcar) e paradas de manutenção.

No ano, o desempenho da indústria geral é bastante positivo, com crescimento de 3,2% no acumulado deste ano frente aos primeiros sete meses de 2023 e 2,2% no acumulado de 12 meses.

Apesar da melhora recente, o desempenho da indústria, incluindo os setores processadores de aço ainda está distante dos picos. A metalurgia atingiu seu máximo em julho de 2008 e os produtos de metal em março de 2011 (séries dessazonalizadas). Para ilustrar a distância da produção destes setores em relação aos seus máximos registrados, o patamar de julho de 2024 para ambos os                                                                               setores ainda é 23% e 32,4% abaixo dos seus picos,                                                                                     respectivamente.

 

 

O Levantamento de Conjuntura, realizado pela Fiesp e Ciesp e focado no Estado de São Paulo, indicou aumento das vendas reais dos setores em que se incluem os setores processadores de aço no mês de julho de 2024 em relação ao mês anterior. Estes dados já descontam os efeitos sazonais.

O crescimento dos setores processadores de aço contrasta com a queda na indústria de transformação paulista (18 setores no total). Esta última apresentou queda de 0,6% das vendas reais em julho, na comparação com o mês anterior. Este valor negativo ocorreu após forte alta de 7,3% em junho. No acumulado do ano (janeiro a julho de 2024 contra o mesmo período de 2023), as vendas reais da indústria de transformação recuam 2,1% (série sem ajuste sazonal). No acumulado de 12 meses (agosto de 2023 a julho de 2024 contra agosto de 2022 a julho de 2023), o desempenho é ainda pior: queda de 6,5%.

O desempenho das vendas dos setores processadores de aço em julho foi positivo. Estes estão incluídos em duas categorias: metalurgia e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. Dos setores defendidos pela Abimetal-Sicetel, a primeira destas categorias inclui a produção de arames, relaminados, trefilados e perfilados de aço, laminados longos e outros tubos de ferro e aço. Dentro dos produtos de metal, as categorias de processadores de aço são os trefilados de metal e “outros produtos de metal não especificados anteriormente”.

As vendas da metalurgia e dos produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, cresceram 3,4% e 3,3%, respectivamente, em julho contra junho (série com ajuste sazonal). Estes resultados revertem dois meses seguido de queda na metalurgia, enquanto os produtos de metal mantiveram o crescimento já observado em junho.

O resultado positivo de julho para a metalurgia paulista ainda é insuficiente para reverter os resultados negativos das outras comparações.

No acumulado do ano e no de 12 meses as variações nas vendas foram de -2,5% e -8,5%, respectivamente. Para os produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, estas comparações, foram de 6,7% e 1,6%, refletindo melhor desempenho recente desta rubrica.

 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), registrou avanço em 19 dos 29 setores da indústria em agosto de 2024, na comparação com o mês anterior. As categorias em que se inserem as indústrias processadoras de metal defendidas pela Abimetal-Sicetel: metalurgia e os produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) estão inclusas nesta lista. Os índices são construídos de forma que valores superiores a 50 indicam otimismo e abaixo deste patamar, pessimismo. O índice se divide, por sua vez, em dois componentes: condições atuais e expectativas.

A indústria geral registrou 51,7 pontos em agosto de 2024, ante 50,1 em julho. Esta, por sua vez, é subdividida em três setores principais, construção, extrativa e transformação. Enquanto as duas primeiras categorias apresentaram quedas em relação a julho (de 56,1 para 53,6 na extrativa e de 51,8 para 51,3 na construção) a de transformação avançou de 50,4 para 52,4 pontos.

Analisando-se as categorias da indústria de transformação, 17 dos 25 setores apresentaram aumentos nos índices para agosto, sendo que 18 se encontram em campo otimista. Em julho, somente 14 setores estavam otimistas.

Os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel apresentaram melhora de seus índices. A metalurgia avançou de 47,3 em julho para 48,7 em agosto, interrompendo quatro meses consecutivos de quedas. A categoria produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) subiu de 48,6 para 49,6 nessa mesa comparação, interrompendo três quedas seguidas no indicador. Importante destacar que apesar da melhora em agosto, esses dois setores se encontram em território pessimista, juntamente com somente outros cinco setores.

Os resultados para agosto podem ser um indicativo de continuidade da melhora na atividade industrial verificada a partir de junho pela Produção Industrial Mensal – Produção Física, a cargo do IBGE. Naquele mês a indústria geral cresceu 4,1% contra maio (série dessazonalizada). Os setores processadores de aço também haviam crescido no período: 5% para a metalurgia e 1,4% para os produtos de metal. É importante frisar que essa melhora nos indicadores de IBGE coincidiu com piora dos índices de confiança da CNI no mesmo período.