nvasão dos importados de aço da China pode trazer grandes perdas para a indústria brasileira.

O governo precisa tomar uma medida urgente antes que as indústrias nacionais sofram consequências irreversíveis. A medida é necessária e até óbvia: impor uma taxação significativa para barrar a entrada indiscriminada do aço chinês, que, pela diminuição da demanda interna e externa do país asiático, envia seus produtos para mercados ainda abertos a eles, nestes casos, em volumes que sugerem uma invasão das mercadorias chinesas com preços muito abaixo do que as nacionais.

A situação está tão evidente e urgente, a ponto do próprio Jorge Gerdau, da família que comanda a siderurgia no Brasil, chegar ao ponto de cobrar medidas e posicionamento do governo sobre uma tarifa de importação significativa.

Considerando que para os casos das matérias primas a situação já está bastante complicada e inviável, a circunstância é ainda mais crítica para o seguimento das indústrias processadores de aço, com índices de substituição por importados da ordem de até 60%. Com isso, o risco de demissões é ainda maior e a possível retomada do setor nacional fica cada vez mais distante e improvável.

É nesse contexto que estamos atualmente e os números falam por si só: as siderúrgicas têm como previsão para 2023 quedas de 5% na produção, 6% nas vendas internas, 2,3% no consumo aparente e 0,3% nas exportações. Por outro lado, alta de 40% nas importações. Somente em agosto deste ano, a China enviou quase 300 mil toneladas do produto siderúrgico para o Brasil, de um total de 496 mil toneladas importadas. Os chineses são acusados de práticas predatórias ao subsidiar os preços das mercadorias. (Fonte: Diário do Comércio).

Outros países já deflagraram medidas de proteção às suas indústrias, resta agora que o governo brasileiro seja sensível e tome as providencias necessárias.

Percepção sobre o setor de atuação foi o único componente da pesquisa que inverteu o cenário pessimista na leitura atual

Agência Indusnet Fiesp

Sensor fecha setembro com 49,5 pontos. Apesar da elevação de 1,6 ponto em relação a agosto (47,9 pontos) há manutenção do cenário de queda, agora durante sete meses. A permanência abaixo dos 50,0 pontos indica contração da atividade.

Os estoques registram 46,8 pontos no mês. Nem mesmo a alta de 4,7 pontos de julho a setembro foi capaz de levar o indicador aos 50,0 pontos e, abaixo disso, o indicador aponta os estoques acima do planejado.

As vendas permanecem próximas à leitura anterior, ao marcar 50,0 pontos. No entanto, os 49,7 pontos de agosto sinalizavam queda enquanto em setembro o componente indica estabilidade no mês, por se manter exatamente em 50,0 pontos.

O indicador de empregos registra 47,3 pontos no mês. A redução de 1,7 ponto em relação ao mês passado (49,0 pontos) o distancia ainda mais dos 50,0 pontos, o que indica queda dos empregos na indústria paulista.

Os investimentos com 51,4 pontos em setembro permanecem no mesmo patamar observado em agosto. A manutenção deste resultado garante o quarto mês de aumento em um ano com alta volatidade nos investimentos – sendo março (52,7 pontos) e abril (52,5 pontos) os outros dois meses além de agosto e setembro que apresentaram resultados acima dos 50,0 pontos e indicaram elevação dos investimentos.

Por fim, o mercado (que representa a percepção sobre o setor de atuação) é o destaque positivo no mês, com 50,7 pontos. O componente reverteu a sinalização de pessimismo do mês de agosto (47,0 pontos) para o otimismo em setembro. Além disso, o aumento de 3,7 pontos em comparação ao mês anterior é a maior variação entre os indicadores do Sensor deste mês. Leituras acima dos 50,0 pontos sinalizam a melhora das condições de mercado.

Todos os dados acima contemplam o tratamento sazonal.

Desde março deste ano o Sensor permanece abaixo da linha dos 50,0 pontos, resultados que refletem, sobretudo, o ambiente restritivo da política monetária.

Na última reunião do Copom (20/9) um novo corte de 0,50 p.p. foi anunciado na taxa básica de juros (Selic), agora em 12,75% ao ano. A redução deste mês é o mesmo praticado em agosto, e a autoridade monetária indica que, a depender da evolução dos preços, os próximos encontros podem contar com reduções na mesma magnitude. Esta sinalização caminha lado a lado com a expectativa do mercado, que projeta a taxa em 11,75% a.a. até o fim de 2023.

Apesar do início no ciclo de redução da taxa de juros, os efeitos na atividade econômica devem ser sentidos somente a partir de 2024, devido a defasagem temporal da política monetária. Portanto, a FIESP projeta queda de 0,5% da produção industrial em 2023, a sétima contração em dez anos.

Nesta conjuntura adversa, a FIESP reforça a importância de um maior e mais rápido afrouxamento monetário, em conjunto com a Reforma Tributária, com alíquota máxima de 25%. Ademais, medidas como o Plano Produção (equivalente ao Plano Safra voltado à indústria) e a Depreciação Imediata também devem ser tomadas para favorecer o crescimento da produtividade e a competitividade da indústria da transformação paulista e nacional.

Metodologia

O Sensor é uma pesquisa qualitativa de conjuntura econômica realizada desde 2006. Ela tem como objetivo captar informações do andamento da atividade da indústria de transformação durante o mês corrente da coleta de dados, eliminando as defasagens de tempo das tradicionais pesquisas de conjuntura. Hoje, participam da pesquisa cerca de 30 das principais indústrias de São Paulo.
Fonte: Agência Indusnet Fiesp

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