Produção da Indústria Metalúrgica recua 2,6% em março

A indústria brasileira apresentou crescimento de 0,9% da sua produção em março, comparado ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Os dados estão incluídos na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, a cargo do IBGE. Os dados para fevereiro também foram revistos de queda de 0,3% para crescimento de 0,1%. Na comparação com março de 2023, a indústria recuou 2,8% (queda, em parte, atribuída ao menor número de dias úteis para o mês em 2024) e no acumulado de 12 meses, houve crescimento de 0,7%.

Dos componentes da indústria, a indústria extrativa cresceu 0,2% em relação a fevereiro, enquanto a de transformação cresceu 0,8%. Apesar de resultado positivo para esta última, 20 dos seus 24 setores apresentaram queda na produção. Na comparação com março de 2023, a indústria de transformação recuou 3,6%, enquanto o recuo no acumulado de 12 meses foi de 0,5% com queda em 15 dos 24 setores. A indústria extrativa, por sua vez, apresentou desempenho mais favorável e acumula crescimento de 7,4% em 12 meses.

Os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel estão inclusos nos agrupamentos que apresentaram desempenho negativo em março. Tanto a metalurgia quanto os produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) apresentaram recuo de 2,6% na comparação com fevereiro (série com ajuste sazonal). Na comparação com março de 2023, os recuos foram de 3,2% e 5,3% respectivamente. No acumulado de 12 meses, a metalurgia teve queda de produção de 2%, enquanto os produtos de metal recuaram 3,1%.

Estes resultados anularam o desempenho um pouco mais favorável dos processadores de aço visto no primeiro bimestre. Os dados revisados para o começo do ano indicam que a metalurgia cresceu 2% no primeiro bimestre contra o mesmo período de 2023 e os produtos de metal 0,8%. Com os dados de março, a produção metalúrgica cresceu somente 0,1% no primeiro trimestre de 2024 frente a período similar do ano anterior e os produtos de metal recuaram 1,4%.

Os dados recentes indicam as melhoras de alguns indicadores para os dois setores processadores de aço no primeiro bimestre foram transitórios, com a trajetória de queda na produção retomando a partir de março. Um indicador que pode refletir repetidos desempenhos negativos é o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) elaborado pela CNI. Para abril, ambos os setores apresentaram queda no índice para as condições atuais em relação a março.

As indústrias processadoras de aço vêm sofrendo com a forte entrada de produtos importados, especialmente da China. Para 96 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de produtos atualmente defendidos pela Abimetal-Sicetel, o avanço da quantidade importada (em peso) no primeiro trimestre de 2024, frente

ao mesmo período de 2024, foi de 33,6%. O país asiático foi a origem de 52,6% desse total.

A gravidade da perda de mercado interno por parte das indústrias brasileiras também é evidenciada pela Nota Econômica nº 33 da CNI, publicada recentemente. A metalurgia e os produtos de metal se incluem entre os sete setores que apresentaram queda de produção simultânea ao avanço das importações no período em 2023 com relação a 2022, indicando que o fraco desempenho dos produtores nacionais decorrem diretamente do avanço das importações.

Os dados da CNI com base na sua pesquisa com empresários industriais indicam que os principais problemas da indústria são os juros altos, carga tributária elevada, competição desleal e demanda interna insuficiente. Este último fator decorre, em parte, da perda de mercado para os importados. A entidade também destaca que o processo de perda de mercado pelas indústrias brasileiras não deve ser revertido nos próximos cinco anos, com manutenção de uma quadro marcado por importações chinesas a preços baixos, custos de produção no Brasil elevados, além de outras dificuldades, como atraso tecnológico, dificuldades logísticas e excesso de burocracia.