O Levantamento de Conjuntura, realizado pela Fiesp e Ciesp e focado no Estado de São Paulo, apresenta avanço de 7,2% no valor das vendas da indústria de transformação para o mês de junho de 2024 na comparação com maio, descontando efeitos sazonais. Este resultado interrompe dois meses seguidos de quedas. No acumulado do ano, a indústria paulista, composta por 18 setores, ainda recua 4%, enquanto no acumulado de 12 meses, o tombo é ainda maior: -8,3%. Em relação a junho do ano anterior, as vendas da indústria cresceram 1,8%. 

O desempenho dos setores processadores de aço em junho foi ambíguo. Estes estão incluídos em duas categorias: metalurgia e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. Dos setores defendidos pela Abimetal-Sicetel, a primeira destas categorias inclui a produção de arames, relaminados, trefilados e perfilados de aço, laminados longos e outros tubos de ferro e aço. Dentro dos produtos de metal, as categorias de processadores de aço são os trefilados de metal e “outros produtos de metal não especificados anteriormente”. 

A metalurgia teve recuo de 2,9% das vendas, segundo mês consecutivo de queda frente ao mês anterior. Já os produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, avançaram 7,4%, revertendo dois meses seguidos de queda. 

A metalurgia paulista se destaca pelos fracos resultados. Nas comparações com junho de 2023, no acumulado do ano e no acumulado de 12 meses as variações nas vendas foram de -2,2%, -4,4% e -11,1%, respectivamente. Para os produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, as variações, seguindo a mesma sequência, foram de 8,6%, 3,7% e -1,2%. 

Na comparação das séries dessazonalizadas dos valores de junho de 2024 com janeiro de 2020, período imediatamente anterior à pandemia de Covid-19, a indústria de transformação paulista apresenta recuo nas vendas de 9,8%, enquanto a metalurgia e os produtos de metal avançam 6,1% e 36,7%. 

  

O mês de junho foi marcado por resultados positivos para a indústria de transformação, incluindo as categorias em que se incluem os setores processadores de aço, de acordo com os Indicadores Industriais reportados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI).  

O faturamento real da indústria de transformação, composta por 21 setores, avançou 6,3% em junho de 2024 frente ao mês anterior, na série dessazonalizada. Na mesma comparação mensal, outras métricas de desempenho da indústria também avançaram: horas trabalhadas na produção (2,2%), emprego (0,1%), massa salarial real (4,3%) e rendimento médio real (4,2%). 

Os resultados positivos se mantêm na comparação de junho de 2024 com o mesmo mês de 2023 e para o acumulado do ano em todas as variáveis destacadas acima. O faturamento real, por exemplo, cresceu 1,8% e 1,4% na comparação de junho de 2024 frente a junho de 2023 e no acumulado janeiro a junho de 2024 versus o primeiro semestre do ano anterior, respectivamente. 

Os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel estão incluídos na metalurgia e nos produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Na metalurgia, estão incluídas as seguintes categorias de interesse: produção de arames, relaminados, trefilados e perfilados de aço, laminados longos e outros tubos de ferro e aço. Dentro dos produtos de metal, as categorias de processadores de aço são os trefilados de metal e “outros produtos de metal não especificados anteriormente”. 

O faturamento real dos setores processadores de aço em junho também foi positivo. A metalurgia cresceu 0,7% em junho de 2024 na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto essa variação foi de 12,5% para os produtos de metal. A CNI não divulga índices dessazonalizados para estes dois grupos. Entretanto, ao aplicarmos os fatores sazonais da indústria de transformação para esses dois setores, houve crescimento de 5,1% para a metalurgia e de 2,1% dos produtos de metal em junho de 2024 na comparação o mês anterior.  

No acumulado do ano, a metalurgia apresenta queda no faturamento de 3,1%, enquanto os produtos de metal avançam 7,9%. Para o acumulado de 12 meses, há variação de -9,1% e 1,9%, respectivamente. 

Com relação aos dados de emprego dos processadores de aço, a metalurgia e os produtos de metal variaram -4,4% e 2,6% em junho de 2024 frente ao mesmo mês de 2023. No acumulado do ano, estes setores variaram -3,4% e 4,6%, respectivamente.  

A massa salarial real destes dois setores aumentou na comparação junho de 2024 e junho de 2023: 2,1% para a metalurgia e 3,1% para os produtos de metal. No acumulado do ano, as variações correspondem a 2,3% e 8,1% respectivamente. 

A CNI destaca que os resultados positivos para a indústria de transformação em junho foram influenciados pelo fim das greves no setor automotivo e pela retomada da produção industrial nas áreas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Este último efeito também apresenta impacto indireto sobre outros estados via fornecimento de insumos de produção. Estes fatores também se aplicam aos setores processadores de aço. 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), registrou queda em 18 dos 29 setores da indústria em julho de 2024, na comparação com o mês anterior. As categorias em que se inserem as indústrias processadoras de metal defendidas pela Abimetal-Sicetel: metalurgia e os produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) estão inclusas nesta lista. Os índices são construídos de forma que valores superiores a 50 indicam otimismo e abaixo deste patamar, pessimismo. O índice se divide, por sua vez, em dois componentes: condições atuais e expectativas.

Os valores setoriais fracos impactaram no resultado para a indústria total, que caiu de 51,4 para 50,1 pontos, no limiar na zona de separando confiança com falta dela. Trata-se do terceiro mês seguido de queda no índice. A confiança também caiu para as três categorias de porte e em quatro das cinco regiões, com exceção do Sul que manteve estabilidade. Dessas regiões, Sudeste e Sul se encontram em território pessimista.

A indústria geral é subdividida em três setores principais, construção, transformação e extrativa. Apenas esta última apresentou aumento de seu índice, para 56,1 pontos. A indústria de construção caiu de 52,9 para 51,8 e a de transformação de 51,1 para 50,4 pontos.

Analisando-se as categorias da indústria de transformação, 14 dos 25 setores apresentaram quedas nos índices para julho, sendo que 14 ainda se mantém em campo otimista, mesmo valor que em junho. O patamar de setores otimistas é sustentado pelo componente das expectativas, que indica 21 setores esperando melhora nas condições das empresas e da economia. As condições atuais indicam um quadro atual negativo, com 24 setores em território pessimista.

Os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel apresentaram nova piora de seus índices. A metalurgia apresentou queda de seu índice de 48,4 em junho para 47,3 em julho (4ª queda seguida), enquanto os produtos de metal caíram de 49,8 para 48,6 (3ª queda seguida). As condições atuais e as expectativas desses setores também se deterioraram. Para a metalurgia as quedas foram de 43,1 para 42,7 pontos e de 51,1 para 49,6, respectivamente. Para os produtos de metal, as variações foram de 43,3 para 42,4 e 53,1 para 51,7 pontos seguindo a mesma ordem.

O mês de julho reflete uma continuidade da piora da confiança dos empresários pesquisados pela CNI já verificada em junho. Os processadores de aço se destacam pelos indicadores piores que o verificado para a indústria como um todo. É provável que esta perda de confiança reflita a permanência de fatores já presentes em junho, como a interrupção dos cortes das taxas de juros, incertezas no quadro fiscal, bem como a recente volatilidade cambial, que despontou como um dos principais problemas apontados pelos empresários no segundo trimestre na pesquisa Sondagem Industrial, a cargo da própria CNI.