O faturamento real da indústria de transformação, que inclui 21 setores, apresentou queda de 0,1% frente a dezembro de 2023, na série dessazonalizada, de acordo com os Indicadores Industriais reportados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Apesar do resultado negativo, as horas trabalhadas e o emprego aumentaram 0,4% e 0,3%.

Na comparação com janeiro de 2023, o faturamento real e as horas trabalhadas da indústria em janeiro de 2024 variaram 3,4% e 0,8%, respectivamente. Contudo, o emprego caiu 0,3% e a massa salarial real subiu 6,2%. Estes resultados indicam que o primeiro mês de 2024 foi melhor que o mesmo período do ano passado, mas o desempenho da indústria ainda é fraco, como evidenciado pela queda do faturamento frente a dezembro.

Entretanto, os resultados para os setores processadores de aço defendidos pela Abimetal-Sicetel indicam desempenho inferior destes em relação ao total da indústria de transformação. O faturamento do setor de metalurgia avançou somente 0,7% em janeiro de 2024 frente ao mesmo mês no anterior. O setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), por sua vez, retraiu 7%.

Na comparação do acumulado em 12 meses, o resultado é fortemente negativo, com retração do faturamento real de 12,6% e 5,8% para a metalurgia e produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), respectivamente. Estes resultados contrastam com o desempenho da indústria de transformação que recuou 0,1% nesse mesmo período.

Com relação ao emprego, a indústria metalúrgica apresentou recuos de 2,3% na comparação com janeiro de 2023 e 2% no acumulado de 12 meses. Para o setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), o emprego aumentou 2,7% e 2,5% nas mesmas comparações, na contramão do faturamento.

As dificuldades dos setores defendidos pela Abimetal-Sicetel ficam evidenciadas na avaliação da série histórica de faturamento (ver gráfico). Ambos os setores estão obtendo faturamento inferior a 2006. O desempenho é ainda pior para a metalurgia, cujo faturamento se situa no mesmos patamares de 2016, em nível aproximadamente 40% inferior ao período de referência da série (média de 2006=100).

As indústrias metalúrgicas no Brasil vêm apresentando fraco desempenho por um longo período, que, inclusive, precede a forte recessão vivida pelo país em 2015-2016. Seu pico histórico de produção ocorreu em julho de 2008 (série dessazonalizada), de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE, um patamar 37,5% superior ao verificado para o dado mais recente (dezembro de 2023).

Os setores das indústrias processadoras de aço defendidas pela Abimetal e Sicetel também vem sofrendo dificuldades, que se traduzem nos números da sua força de trabalho. Depois de atingir um pico em 2010 com 37.600 trabalhadores, as empresas reduziram o número de trabalhadores para 26.823 em 2023, de acordo com dados da RAIS e CAGED. Isso corresponde a uma redução de quase 29% da força de trabalho, refletindo a perda de dinamismo do setor, em linha com o desempenho apresentado pela indústria metalúrgica como um todo.

Com relação ao desempenho recente, após atingir um ponto mínimo em 2019, com 23.002 empregados, o setor apresentou alguma recuperação, aumentando sua força de trabalho para 26.998 empregados em 2022. Entretanto, o ano de 2023, caracterizado por um aumento de 20% do volume de importações dos produtos do setor, foi decepcionante, o que resultou em ligeira redução no número de empregados. Do total de importações, 50% do volume teve como origem a China. 
Essa forte entrada de produtos importados tende a continuar em 2024, em especial com o processo deflacionário no referido país asiático. Isso sugere mais um ano desafiador para o setor no Brasil.

O ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) registrou queda de 0,5 ponto do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) em fevereiro na comparação com janeiro (de 53,2 para 52,7).

Apesar desse resultado, o índice ainda se situa acima dos 50 pontos, limiar que indica confiança dos empresários. Essa queda interrompe dois meses de melhora consecutiva.

O índice é dividido em dois componentes: condições atuais e expectativas. O primeiro está abaixo do patamar de 50 pontos desde janeiro de 2023 e sofreu uma queda de 0,6 ponto em fevereiro frente ao mês anterior.
As expectativas ainda estão acima de 55 pontos, mas apresentaram queda de 0,5 ponto no período. A maior parte desta queda se deve às expectativas em relação à economia brasileira, que saíram de patamar de confiança para pessimismo (queda de 50,1 para 48,8).

Estes resultados são um indicativo de começo de ano fraco para a Indústria, com deterioração das expectativas dos empresários com relação à economia brasileira.
A avaliação é feita pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI).