O Levantamento de Conjuntura para a indústria paulista, realizado pela Fiesp e Ciesp, trouxe resultados positivos para o total da indústria, mas o desempenho da metalurgia veio na contramão ao registrar forte queda. O outro setor em que se inclui a indústria processadora de aço (produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos) manteve-se praticamente estável.

O total de vendas para a indústria total (descontando inflação e sazonalidade) avançou 3,3%, na comparação com o mês anterior (série dessazonalizada). O resultado mais recente reverte dois meses seguidos de queda. Na comparação com outubro de 2023, o avanço foi de 12,2%. Estes resultados positivos para outubro, entretanto, são insuficientes para reverter o desempenho negativo observado em prazos mais longos. Na comparação para o acumulado do ano, as vendas ainda recuam 0,3% frente ao mesmo período de 2023, enquanto o recuo no acumulado de 12 meses é ainda maior: -3,3%.

Para avaliarmos o desempenho dos setores defendidos pela Abimetal e Sicetel, delimitamos os setores da indústria processadora de aço a duas categorias: metalurgia e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. A primeira destas categorias inclui a produção de arames, relaminados, trefilados e perfilados de aço, laminados longos e outros tubos de ferro e aço. Dentro dos produtos de metal, as categorias de processadores de aço são os trefilados de metal e “outros produtos de metal não especificados anteriormente”. Importante destacar que as duas categorias incluem diversos setores cujos produtos não estão incluídos na lista defendida pela Abimetal e Sicetel.

Os setores processadores de aço apresentaram desempenho de vendas inferior ao total da indústria para o mês de outubro. As vendas da metalurgia apresentaram forte recuo de 3,4% em outubro frente a setembro (série dessazonalizada). Trata-se da terceira queda mensal consecutiva. O fraco mês de outubro também se reflete na queda de 3,8% frente a outubro de 2023. No acumulado do ano, as vendas caem 2,3%, ao passo que no acumulado de 12 meses, o recuo atinge 4%..

 

As vendas do setor de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, cresceram 0,1% em outubro ante o mês anterior. Este resultado segue o crescimento observado em setembro. Apesar da virtual estabilidade frente ao mês anterior para a série dessazonalizada, outubro apresentou resultado favorável na comparação anual, com crescimento de 20,1%. No acumulado do ano e de 12 meses, as vendas do setor avançam 9,7% e 5,7%, respectivamente. Estedesempenho favorável pode decorrer do desempenho de outros setores atualmente não defendidos pela Abimetal e Sicetel. Estes últimos consistem em 15 dos 18 CNAES incluídos nessa categoria.

 

O gráfico com as séries dessazonalizadas indica que uma estabilização desde julho do desempenho das vendas dos produtos de metal. No mesmo período, nota-se a perda de fôlego da metalurgia paulista, com contínuas quedas.

 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), apresentou comportamentos divergentes, para os dois setores nos quais se inserem as indústrias processadoras de aço (metalurgia e produtos de metal – exceto máquinas e equipamentos). A metalurgia apresentou aumento da confiança, enquanto os produtos de metal recuaram. Entretanto, na análise das condições atuais, os dois setores apresentam pioras. Os índices são construídos de forma que valores superiores a 50 indicam otimismo e abaixo deste patamar, pessimismo. O índice geral se divide, por sua vez, em dois componentes: condições atuais e expectativas.

O índice geral para a indústria geral caiu de 53,2 em outubro para 52,6 em novembro, segundo mês seguido de queda, mas ainda se mantendo em território otimista. Avaliando os componentes da indústria geral, a construção e a extrativa, registraram quedas de confiança nesse período, de 54,5 para 53,8 e de 54,6 para 53, respectivamente. O outro componente, a indústria de transformação, manteve o patamar de 52,9 pontos.

Analisando-se as categorias da indústria de transformação, 13 dos 25 setores apresentaram quedas nos índices em novembro, mas 23 ainda se situavam em campo otimista, contra 20 em outubro.

As categorias em que se incluem os processadores de aço (inclusos na indústria de transformação) defendidos pela Abimetal-Sicetel apresentaram comportamentos divergentes. A metalurgia avançou de 52 para 53,2 na passagem de outubro para novembro. No mesmo período, a categoria produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) recuou de 54,4 para 52,6. Apesar da queda na metalurgia, os dois setores se encontram em território otimista.

Apesar desse patamar otimista, pode-se observar que tal resultado decorre fundamentalmente do componente das expectativas, que apresentam valores mais elevados que os índices de condições atuais. O índice de expectativas da metalurgia avançou de 55 para 56,9 de outubro para novembro, enquanto para os produtos de metal, houve recuo de 56,9 para 55.

Analisando os índices para as condições atuais, nota-se o contexto de dificuldade enfrentado pelos setores processadores de aço. Ambos os setores recuaram de outubro para novembro: 46,1 para 45,9 no caso da metalurgia e de 49,3 para 47,8 para os produtos de metal. Estes resultados indicam continuidade da

falta de confiança por parte dos empresários respondentes da pesquisa, com valores inferiores a 50 se mantendo desde janeiro de 2023.

Como diversos setores industriais, os processadores de aço vêm sofrendo com a forte entrada de produtos importados. Vale destacar que em outubro houve forte aumento de importações dos produtos defendidos pela Abimetal-Sicetel, que alcançaram 64.800 toneladas, aumento de 14,9% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, já são mais de 585 mil toneladas importadas, crescimento de 24,5% em relação ao mesmo período de 2023.

 

A produção industrial dos setores em que se incluem a indústria processadora de aço cresceu em outubro na comparação com setembro (série dessazonalizada), de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), conduzida pelo IBGE. A produção da metalurgia e dos produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) avançou 2,1% e 1,7% no período, respectivamente. Estes resultados vieram na contramão do desempenho da indústria geral, que apresentou retração de 0,2%.

O crescimento dos dois setores processadores de aço em outubro também foi significativo na comparação o mesmo mês em 2023: 8,5% para a metalurgia e 9,2% para os produtos de metal. No acumulado do ano e no de 12 meses, o crescimento da metalurgia é de 1,8% e 0,9%, respectivamente. Para os produtos de metal, esses valores são 4,7% e 3,5%.

O IBGE também publica informações de aberturas adicionais dentro das duas categorias acima. Uma dessas categorias é mais diretamente relacionada aos produtos de algumas das empresas atendidas pela Abimetal-Sicetel: a fabricação de produtos de trefilados de metal. Esta última está inserida dentro dos produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). A produção de trefilados recuou 1,3% em outubro frente a setembro (dessazonalização feita pela Abimetal-Sicetel). Na comparação de outubro de 2024 contra o mesmo mês do ano anterior, houve crescimento de 2,7%. Entretanto, no acumulado do ano, esse segmento recua 5,8%, enquanto no acumulado de 12 meses, o recuo é de 5,7%.

Com relação à indústria geral, a queda de 0,2% em outubro frente a setembro decorreu de contração similar por parte da indústria extrativa. Seu outro componente, a indústria de transformação, cresceu 0,1%. Esta última cresce 3,8% no acumulado do ano e 2,9% no acumulado em 12 meses.

Apesar do pequeno crescimento em outubro na comparação mensal para a indústria de transformação, a expansão foi disseminada, com 19 dos 24 setores registrando resultados positivos com relação a setembro. No acumulado do ano, 20 setores apresentam expansão.

Apesar do crescimento da produção dos setores em que se incluem o setor processador de aço, os resultados positivos não se estendem a todas as suas indústrias, como verificado no caso da fabricação de produtos trefilados. Adicionalmente, os setores processadores de aço ainda operam em patamares distantes de seus máximos. A metalurgia atingiu sua produção máxima em julho de 2008, com patamar atual 21% inferior àquele período. A categoria dos produtos de metal teve seu pico em maio de 2011 e produz atualmente 35% menos.