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Sondagem Industrial aponta recuo da atividade da indústria processadora de aço nos primeiros meses do ano

Apesar de sinais pontuais de recuperação, produção e emprego seguem em contração. Setor cobra atenção a medidas de estímulo e defesa comercial.
Por: André Cattaruzzi, economista da Abimetal-Sicetel

A atividade da indústria processadora de aço voltou a recuar em fevereiro de 2025, conforme aponta a mais recente Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados reforçam o cenário de instabilidade e fragilidade operacional, que há meses desafiam os setores ligados à metalurgia e à fabricação de produtos de metal e aço — segmentos nos quais se concentram as empresas representadas pela Abimetal-Sicetel.

O índice de evolução da produção da metalurgia, que havia sinalizado expansão em janeiro (50,6), caiu para 46,7 pontos, voltando para o campo da contração. O setor de produtos de metal também permaneceu abaixo da linha dos 50 pontos, com 46,9 em fevereiro — uma leve melhora em relação a janeiro (46,6), mas ainda insuficiente para indicar retomada sólida​.

Estamos vendo uma oscilação sem sustentação. A leve melhora de indicadores como capacidade instalada ou intenção de demanda não significa recuperação real quando a base segue enfraquecida. Produzir em um mercado invadido por importados e com alto custo interno é remar contra a corrente.

Na comparação com fevereiro de 2024, o desempenho é ainda mais preocupante. O setor de produtos de metal recuou, enquanto a metalurgia manteve o mesmo patamar — o que, diante de um ano já difícil, é um sinal de estagnação. O emprego também não reagiu: apesar de uma leve melhora, os índices seguem em terreno de retração. A metalurgia subiu de 47,5 para 47,8 pontos, e os produtos de metal de 47,6 para 49,2 — ainda abaixo do nível considerado estável (50).


Expectativas e investimentos divididos

A sondagem também avaliou as expectativas para os próximos seis meses, revelando um retrato misto. O setor de metalurgia ainda espera aumento na demanda, mas com intensidade menor do que no mês anterior (queda de 52,5 para 52,2 pontos). Já o setor de produtos de metal demonstrou otimismo crescente, com o indicador subindo de 51,4 para 53 pontos.

A sinalização mais preocupante, no entanto, vem do índice de expectativa de investimentos. Na metalurgia, o recuo foi acentuado: de 51,9 para 42,2 pontos — uma queda que mostra perda de confiança no ambiente de negócios. Em contrapartida, o setor de produtos de metal apresentou avanço de 49 para 50,8, ultrapassando a linha da estabilidade e sinalizando intenção de retomada.

O empresário investe quando sente segurança. Se a política industrial continuar inerte e a concorrência desleal persistir, veremos ainda mais retração nos aportes produtivos — e isso compromete toda a cadeia.