Juros altos ameaçam o setor produtivo, sufocam a indústria e mantêm o Brasil refém
Publicado em 05/02/2025A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 13,25% ao ano, com projeção de novos aumentos que podem superar 15% em 2025, é motivo de grande preocupação para o setor produtivo brasileiro. O Brasil não pode continuar refém de uma das taxas de juros reais mais altas do mundo, sob pena de comprometer o futuro da sua indústria e, consequentemente do desenvolvimento do país.
Diante disso, a indústria – especialmente a de transformação e processamento de aço, enfrenta um cenário cada vez mais desafiador, no qual os juros elevados comprometem a competitividade, a capacidade de investimento e a geração de empregos.
A política monetária tem um papel fundamental no controle da inflação, mas não podemos ignorar seus impactos colaterais sobre a produção. Os juros praticados atualmente criam um ambiente hostil para empresas que dependem de crédito para investimentos e capital de giro. No caso da indústria processadora do aço, que tem alto consumo de energia, concorrência desleal dos importados (especialmente chineses) e, muitas vezes, depende de insumos cotados em dólar, a dificuldade de acesso ao crédito somada à volatilidade cambial agrava a situação.
O Boletim Focus aponta que a Selic permanecerá em patamares elevados pelos próximos três anos, com uma previsão de 15% em 2025, 12,50% em 2026 e 10,38% em 2027. Esses números evidenciam a necessidade urgente de uma revisão na estratégia econômica do país. Afinal, a indústria não pode crescer e inovar em um cenário de restrição tão severa.
Dificuldades no acesso ao crédito e aceleração dos custos de insumos aliados com outros fatores que impactam no custo Brasil, comprometem a competitividade da indústria nacional frente a concorrentes internacionais que operam sob condições mais favoráveis. A desaceleração na produção industrial e a queda na utilização da capacidade instalada são sintomas claros de um ambiente econômico desfavorável.
Diante desse cenário, é imprescindível que as autoridades monetárias busquem um equilíbrio entre o combate à inflação e o crescimento sustentável da economia. Necessitamos de condições mais adequadas para investir, crescer e gerar empregos.
A solução passa também por um avanço nas reformas estruturais, em especial a administrativa, para que o Estado se torne menos oneroso e mais eficiente, somente assim poderemos construir um ambiente econômico mais estável e favorável ao crescimento sustentável da indústria processadora do aço e de toda a economia nacional.