Acordo MERCOSUL e União Europeia e os impactos para indústria nacional
Publicado em 10/12/2024Para firmar o acordo entre os blocos econômicos e anunciaram a conclusão das negociações. A parceria é uma possibilidade para aumentar a participação da nossa indústria de transformação nas exportações, reduzindo a concentração do comércio internacional brasileiro a produtos primários. Entretanto, sempre é preciso olhar com cautela quais os impactos (positivos e negativos) que irão recair sobre a indústria nacional, em especial, a processadora do aço.
Apesar de representar aumento da competitividade e melhoria das exportações e, em relação às propostas anteriores, termos conquistado alguns avanços significativos, as barreiras técnicas em relação às exigências de conformidades com legislações europeia podem virar uma preocupação se dificultar para nossas indústrias.
Outros exemplos, são as regras sobre Indicações Geográficas (IGs) que restringem o uso de denominações protegidas, impactando diretamente nossos produtos nacionais e a abertura gradual do mercado, mesmo tendo prazos extensos, preocupa os setores menos competitivos, que enfrentarão desafios para acompanhar exigências de modernização e sustentabilidade.
A liberação comercial para entrada dos produtos europeus pode também afetar pequenas e médias empresas que vão ter dificuldade para competir e podem sofrer com os custos elevados para se adequarem aos padrões internacionais. E, embora o setor automotivo conte com salvaguardas que permitem a reversão de alíquotas a 35% caso importações prejudiquem a indústria automotiva local e prazos longos para desgravação tarifária, elas são temporárias e dependem de condições específicas, gerando incertezas.
Em linhas gerais, o acordo traz pontos positivos para o Brasil, com o reforço ao comércio sustentável, um mecanismo de reequilíbrio para evitar prejuízos causados por medidas unilaterais, promovendo maior equilíbrio nas concessões negociadas.
O agronegócio pode ser mais beneficiado, e, por isso, a França permanece como uma das principais opositoras e tentará barrar a implementação. O país, como um dos maiores produtores agrícolas da UE, teme ser prejudicado, já que a América do Sul é uma potência na produção de grãos e alimentos.
Portanto, o acordo representa uma grande oportunidade para reposicionar o Brasil no cenário global, mas exige esforços significativos para mitigar os desafios enfrentados pela indústria nacional, com todos os custos e barreiras que envolvem a nossa produção.
Cabe a nós, como entidade representativa do setor processador do aço, acompanhar a viabilização do tratado, possíveis ajustes e, na prática, ver como vai funcionar para as pequenas e médias indústrias, com a expectativa de alavancar de maneira representativa o nosso setor produtivo.