Opinião

Logo no início do mês tivemos a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) em que anunciou a elevação da taxa Selic, saindo de 10,75% para 11,25% ao ano, intensificando a política de controle monetário. Esse foi o maior aumento desde maio de 2022 e acendeu alertas.

Ainda que a medida de contenção da inflação já fosse antecipada pelos especialistas, seus impactos são preocupantes, principalmente no setor produtivo e para a indústria do aço. Como reflexos imediatos temos desde a redução imediata da capacidade de produção, o desestímulo de investimentos essenciais e o agravamento de desafios sistêmicos que limitam o potencial de crescimento e a competitividade.

Além dos desafios que a indústria enfrenta nesse cenário de crescente depreciação, principalmente nosso setor processador do aço, os juros mais altos ainda contribuem para redução da competitividade, geração de empregos, crescimento econômico e, consequentemente, melhoria de renda da população.

Várias instituições do setor industrial manifestaram publicamente a apreensão e insatisfação com esse cenário e como isso vai impactar diretamente a capacidade de expansão e sobrevivência dos negócios industriais e acreditam que as autoridades monetárias precisam estar mais próximas a realidade dos empresários industriais do país e como esse 0,5 ponto influencia no investimento de máquinas e equipamentos ou para manter o capital de giro, por exemplo.

Defendemos que o Copom busque uma postura mais equilibrada para as próximas reuniões e entendemos que o corte na Selic é primordial para estimular o setor produtivo nacional e evitar que a economia brasileira entre em um ciclo maior de estagnação.

Ao analisar o cenário na América Latina, vemos exemplos que nos inspiram: economias que, mesmo com inflacionamento superior ao nosso, mantiveram taxas de juros mais baixas e experimentaram crescimento muito acima do brasileiro entre 2012 e 2022. O Paraguai avançou 36,7%, seguido por Colômbia (34,7%), Peru (31,5%), Chile (23,3%) e Uruguai (15%), enquanto o Brasil avançou apenas 2,2%, superando ligeiramente apenas a Argentina.

 Uma taxa de juros mais estável e equilibrada é fundamental para criar um ambiente de recuperação e fortalecimento econômico e para isso o Banco Central precisa agir com determinação e ousadia. É imperativa uma mudança de rumos na gestão da taxa de juros, já experimentamos esse processo recessivo por muitos anos e não tivemos nenhum sucesso. Importante sempre lembrar que essa dinâmica recai negativamente sobre a geração de empregos no setor produtivo, no crescimento da dívida pública, aprofunda o desequilíbrio fiscal e seus efeitos negativos sobre a economia.

Reduzir os juros não é apenas uma demanda do setor produtivo; é uma urgência para garantir a competitividade e sustentabilidade da indústria nacional.