Caro Industrial,

Mais um ano que inicia e, naturalmente, começamos a colocar em prática o que foi planejado e, em uma perspectiva mais operacional, também ficamos atentos às mudanças e variações externas que podem afetar direta ou indiretamente as estratégias que traçamos. O ano de 2025 já começa com reflexos do que nos foi apresentado em dezembro, com o aumento da Selic e desvalorização acentuada do real frente ao dólar.

Já pudemos perceber que será mais um ano de grandes desafios, mas que por outro lado, precisamos ficar bastante atentos às oportunidades para traçar rotas assertivas. Neste cenário, entendo que, além dos impactos da valorização do dólar e aumento da taxa de juros, outros três temas centrais merecem destaque e reflexão: a implementação da Reforma Tributária, o detalhamento do acordo comercial com a União Europeia e a vigilância sobre as importações de produtos concorrentes.

Implementação da Reforma Tributária

A Reforma Tributária, um dos temas mais aguardados e debatidos no cenário econômico nacional em 2024 o projeto de regulamentação aprovado praticamente ao apagar das luzes e inicia em 2025 a fase de implementação. Para a indústria brasileira, acompanhar esse processo será vital. Mesmo sabendo que não tivemos um modelo ideal, sabemos que a simplificação e a uniformização das alíquotas podem trazer maior previsibilidade e reduzir o custo Brasil, o que tem um impacto positivo para todos nós.

No entanto, a transição sempre exige atenção especial, seja às especificidades setoriais, o que devemos mudar e implementar em nossos processos e operações, bem como o impacto na cadeia de valor e eventuais descompassos regionais.

O setor deve se mobilizar para garantir que as diretrizes sejam implementadas de forma justa e que a competitividade nacional seja preservada frente ao mercado internacional.

Acordo com a União Europeia: Detalhes e Impactos

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, finalmente ganhando corpo, depois da conclusão das negociações em dezembro, promete abrir novas oportunidades de mercado, mas também traz desafios e precisamos ficar atentos. É imprescindível conhecer os detalhes e as contrapartidas exigidas para proteger a produção nacional e evitar assimetrias que possam penalizar as nossas empresas. Também será importante sabermos quais condições e exigências serão impostas, como poderemos nos adequar aos padrões internacionais e se será viável a participação das pequenas e médias indústrias. Questões ainda como barreiras não tarifárias, subsídios europeus e critérios de sustentabilidade devem ser acompanhadas de perto, para que o acordo aumente nossa competitividade e não o contrário.

Valorização do Dólar e Seus Reflexos

A forte valorização do dólar, que vem pressionando o mercado nacional, impacta diretamente o custo de insumos, a competitividade das exportações e a dinâmica das importações. Para o setor do aço, que já enfrenta custos elevados de produção, a volatilidade cambial pode ser uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que favorece as nossas exportações, encarece a importação de insumos e maquinário. Assim, estratégias para mitigar os efeitos da alta cambial precisam ser pensadas a curto e médio prazo.

Monitoramento das Importações

A vigilância contínua sobre as importações de produtos concorrentes permanece essencial em 2025, da mesma forma que trabalhamos no ano passado. O Departamento de Defesa Comercial da Abimetal e do Sicetel está cada vez mais operante. A indústria nacional ainda enfrenta a concorrência de materiais importados, muitas vezes subsidiados, que desestabilizam a competitividade ou temos a entrada de produtos falsificados como um grande risco para nossa indústria e para a sociedade. Devemos intensificar nossa vigilância por meio de medidas antidumping e fiscalização.

Como presidente da Abimetal e do Sicetel, reitero nosso compromisso de atuar como protagonista nas discussões que moldarão o futuro do setor e de trabalhar para fortalecer o diálogo com o governo e diversos elos da cadeia.

Além disso, fizemos uma grande reestruturação em 2024 para estarmos cada vez mais presentes e estruturados preparados, de modo a oferecer uma maior gama de serviços, análises, estudos e facilidades que podem possam ajudar a eficiência de dinâmica da sua empresa.