O índice de produção industrial (indústria de transformação e extrativa) registrou 48,5 pontos em fevereiro de 2024, o que indica frente ao mês anterior, de acordo com a Sondagem Industrial, pesquisa organizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Os índices usados para mensurar o desempenho são construídos de maneira que valores acima de 50 pontos indicam aumento, valores abaixo de 50 indicam retração. Quanto mais distante de 50, mais intensa é a variação do indicador.

A CNI ressalta que, apesar do resultado negativo, o indicador se encontra 1,8% acima da média histórica para fevereiro (46,7 pontos). Isto indica que o recuo em fevereiro de 2024 foi menor que o observado no mesmo mês para anos anteriores. O indicador também registra quedas na produção em oito dos últimos 12 meses. A Utilização da Capacidade Instalada apresentou estabilidade na comparação com janeiro, mantendo o patamar de 68%, valor levemente superior a fevereiro de 2023 (67%).

Na avaliação das expectativas (março como mês de referência), somente o indicador de demanda manteve estabilidade em relação ao mês anterior. As expectativas para compras, exportações, empregados e investimento apresentaram quedas, apesar de se manterem acima dos 50 pontos. Estes resultados refletem redução do otimismo por parte dos empresários industriais.

Os resultados para a indústria metalúrgica são piores que o geral da indústria. O índice de produção para fevereiro registrou 46,7 pontos, indicando queda frente ao mês anterior, mas de forma menos intensa que o registrado para o mesmo mês 2023 (42,6). As expectativas desse setor (mês de março como referência) recuaram para todas as categorias (exceto exportação), com destaque para a forte queda das expectativas de investimentos, que recuaram de 54,4 para 50,6. Este último valor é inferior ao registrado para março de 2023 (53,4) e se aproximou do território negativo (abaixo de 50 pontos), indicando forte deterioração do indicador.

A CNI também divulgou as respostas do questionário trimestral sobre os principais problemas apontados pelas indústrias. Os resultados mais recentes (quarto trimestre de 2023) indicam que o maior problema é a elevada carga tributária, seguida da demanda interna insuficiente e taxas de juros elevadas.

A pesquisa da Sondagem Industrial continua a retratar um quadro difícil para o setor industrial em 2024. A deterioração das expectativas da indústria, inclusive para o investimento, revela que as dificuldades do setor devem continuar ao longo do ano, mesmo com quedas adicionais da taxa Selic amenizando o elevado custo do crédito.

O desempenho da indústria em São Paulo foi superior ao verificado para o país como um todo no mês de janeiro, de acordo com a Pesquisa Industria Mensal – Produção Física, publicada pelo IBGE. A indústria paulista cresceu 0,8% em janeiro de 2024 frente ao mês anterior (série dessazonalizada). Esse resultado é superior ao resultado nacional, que contraiu 1,6%. Outro resultado positivo foi a alta de 4,6% na comparação com janeiro de 2023, enquanto o resultado nacional foi elevação de 3,6%.

Apesar de um resultado positivo em janeiro, a produção da indústria paulista contraiu 1,1% no acumulado em 12 meses. No Brasil como um todo houve aumento de 0,4%, com crescimento em 10 dos 18 locais pesquisados.

Quando se avalia o desempenho dos setores processadores de aço defendidos pela Abimetal e Sicetel, verifica-se, na comparação de janeiro de 2024 com o mesmo mês do ano anterior, crescimento de 5,7% da metalurgia e queda de 1,2% de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos).

Apesar do resultado positivo da metalurgia em janeiro, a situação de ambos os setores na comparação do acumulado de 12 meses é de forte retração. Houve contração de 7,4% para a metalurgia e 4,1% para o setor de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Novamente, trata-se de um desempenho inferior ao resultado nacional, com quedas de 2,4% e 3,2%, respectivamente.

Os resultados para a indústria não acompanharam o nível de crescimento da economia brasileira em 2023. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,9% em 2023, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Analisando o lado da oferta, houve crescimento de 15,1% da Agropecuária, 2,4% dos Serviços e 1,6% da Indústria.

Das quatro categorias da Indústria, a Extrativa e Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceram 8,7% e 6,5% em 2023, respectivamente. Entretanto, as outras categorias registraram retração. A Indústria de Construção fechou o ano com queda 0,5%. A Indústria de Transformação apresentou o pior desempenho, com queda de 1,3%.

Na comparação com o trimestre anterior (com ajuste sazonal), o PIB do quarto trimestre de 2023 apresentou estagnação. A Agropecuária sofreu queda de 5,3%, enquanto os serviços cresceram 0,3% e a Indústria, 1,3%. O desempenho positivo da Indústria no quarto trimestre foi influenciado pelo setor extrativo (4,7%), Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,8%) e Construção Civil (4,2%). Entretanto, a Indústria de Transformação continuou a apresentar fraco desempenho (queda de 0,2%).

O ano de 2023 fechou com um crescimento surpreendente quando comparado às estimativas do começo daquele ano (crescimento de 0,8 no relatório Focus de 06 de janeiro de 2023). Este resultado contou com excepcional crescimento da Agropecuária, especialmente no primeiro trimestre, que avançou 20,9% frente ao quarto trimestre de 2022).

Do lado da Demanda, contribuíram positivamente ao crescimento anual o Consumo das Famílias (3,1%) e do Governo (1,7%) e Exportações (9,1%). As importações retraíram 1,2%. Entretanto, a Formação Bruta de Capital Fixo apresentou forte queda de 3% no ano. Este último resultado contribuiu para a queda dos Investimentos como proporção do PIB: de 17,8% em 2022 para 16,5% em 2023.

Apesar do resultado anual negativo, a Formação Bruta de Capital Fixo voltou a crescer no quarto trimestre na comparação com o trimestre anterior: 0,9%. Isto se deu após quatro trimestres de queda. Para 2024, este componente pode ser impulsionado pela queda nas taxas de juros e programas anunciados pelo Governo, como a Nova Indústria Brasil, a Depreciação Acelerada e obras de Infraestrutura.

Para a Indústria de Transformação, 2023 foi novamente um ano decepcionante, apresentando desempenho inferior ao de outros componentes e mesmo dentro da própria indústria. O ano passado foi marcado pela forte entrada

de produtos importados, especialmente oriundos da China. Para 2024, as perspectivas continuam desfavoráveis, tendo em vista o recente fenômeno deflacionário observado no país asiático.